Archive for 2006

De Brilhos e Pedras

segunda-feira, novembro 27, 2006 § 0

Conhecemos pessoas novas.

Ficamos fascinados por aquela pessoa, toda aquela beleza, aquelas palavras saindo de forma tão doce e delicada, aqueles questionamentos tão filosóficos.

Ficamos apaixonados por aquela pessoa, queremos conhecê-la mais e mais, e então começamos a conhecê-la, mais e mais.

Vamos cada vez mais fundo, e começamos a ver que a beleza não era tão bela, as palavras não eram tão doces, os questionamentos não eram tão filosóficos.

Profundo, fundo, a fundo, e percebemos que aquela pessoa tão especial não era tão diferente de nós mesmos.

Ou então, toda aquela semelhança que tinha conosco, na verdade era mais diferente do que imaginávamos.

De repente, o brilho do diamante se perde, tornando-o, mesmo que ainda um diamante, apenas mais uma pedra preciosa.

É preciosa, é rica, mas ainda assim, uma pedra.

Eu

sábado, novembro 25, 2006 § 0

Sou homem
Sou mulher
Sou cavalo
Sou lobo
Sou árvore
Sou flor
Sou areia
Sou pedra
Sou sol
Sou lua
Sou luz
Sou breu
Sou seu
Sou eu.

Gerundiando Dia-a-Dia

sexta-feira, novembro 24, 2006 § 0

Pessoas andando
Fugindo
Correndo
Pensando
Saindo
Entrando
Subindo
Controlando
Digirindo
Motivando
Ensinando
Caindo
Levantando
Pulando
Aprendendo
Abrindo
Fechando
Virando
Esquecendo
Sumindo
Se esvaindo...

A Cirurgia

terça-feira, outubro 17, 2006 § 0

A cirurgia foi inventada no dia em que o primeiro homem se atreveu a ir dentro de uma mulher.

(Em conseqüência disso, também foi inventado, além da cirurgia, o segundo homem).

Intro

quarta-feira, outubro 11, 2006 § 0

Ponto de interrogação.
Você já chegou a usá-lo?
Você já chegou a se questionar sobre a veracidade de algo?
Você já questionou o mundo?
Quem é o mundo?
Quem é você?
O que é aquilo que você vê na televisão todos os dias?
O que é a televisão?
O que são todas aquelas informações que transmitem a você?
Será que tudo aquilo é "benígno"?
Será que você é benígno?
Será que somos todos racionais?
Teríamos, nós, consciência de tudo?
Seríamos, nós, fantoches do mundo?
Fazemos jus a lei da ação e reação?
A mídia age, o governo age, o mundo age.
Deveríamos nós reagir?
Ou seria mais confortável permanecermos em estado catatônico?

Geralmente Pessoas

domingo, outubro 08, 2006 § 0

Algumas vezes, na presença de alguma pessoa, eu começo a perceber como a pessoa é única. Começo a reparar em como a pessoa é rica de características, de sentimentos, de histórias... E começo a perceber que uma pessoa é algo realmente extraordinário.

Não uma dúzia de pessoas, não 300.000 pessoas, mas uma pessoa.

E é nisso onde eu me pergunto, "por que as pessoas generalizam tanto"? Por que raios as pessoas tratam a si mesmas de uma forma geral, descompromissadas, desinteressadas?

É um pecado que uma pessoa só fique feliz se vir que conhece 400, 600, 1000 pessoas.

É preciso que se veja as pessoas de forma única, porque é isso; cada pessoa é uma pessoa. É preciso que as pessoas entendam que uma pessoa significa muitas coisas, muitos sentimentos, muitos pensamentos. Uma única pessoa é um "englobamento" de N características, de N histórias, e de N sentimentos. E parece que as pessoas estão se limitando a se tratarem de forma geral, como números, como se todas essas coisas que uma pessoa carrega significassem nada; como se tudo o que elas representam são números.

E é esse tipo de pensamento, esse tipo de ação superficial, que cria esses individualismos que matam uma sociedade, e a própria pessoa, fazendo-a se fechar em si, acabando sozinha, sem se importar com ninguém, mas querendo a todos.

Só o que as pessoas precisam é começar a se tratar de forma especial, como se cada pessoa fosse a única pessoa. Porque, basicamente, é isso: cada pessoa é a única pessoa, a partir do momento em que sabemos que ela é única. Deu pra entender?

Só o que é preciso, é que as pessoas tratem as coisas de forma mais pessoal. Só isso.

Bonecas de Tortura

domingo, setembro 24, 2006 § 0

Eu costumo reclamar incansavelmente das crianças, mas existem certos momentos que me levam a crer que quem sofre são elas.

Nós vivemos reprimidos na nossa sociedade, sem conseguir expressar nossos verdadeiros sentimentos, sem nem ao menos conseguir agir como realmente queríamos, e então, acabamos agindo de acordo com a sociedade.

Aí então nós vemos uma criança, um bebê, e lembramos instantaneamente que ela não tem noção de qualquer coisa, não entenderá nada do que fizermos, e nem ao menos se lembrará depois. E então o que fazemos? Começamos a torturar o pobre bebê, fazendo caretas, abrindo e fechando a boca de forma grotesca, fazendo as caras mais ridículas possíveis, tudo o que nós gostaríamos de fazer normalmente e não podemos. Usamos as crianças para liberar toda a merda que temos dentro de nós, e depois, ainda temos a cara de pau de ficar reclamando que elas são um pé no saco.

Se elas lembrassem de tudo isso depois, as chances de isso se tornar tão inaceitável socialmente quanto xingar seriam enormes.

Nota Sentimental

sábado, setembro 23, 2006 § 0

Eu acho excitante e admirável aqueles momentos de êxtase e felicidade em que sentimos a maior vontade de dizer "eu te amo".

Acho realmente uma delícia aquele momento de alegria, em que nos sentimos mais propícios a dizer "eu te amo" a quem amamos de verdade.

Mas não são nesses momentos em que expressamos nosso verdadeiro amor. Dizer que amamos nesses momentos é fácil.

O "eu te amo" mais sincero e verdadeiro, é aquele que vem depois de uma briga horrorosa, em fúria com a outra pessoa... O amor verdadeiro deve se expressar em todos os momentos, e quando tornamos possível dizer "eu te amo" no momento mais tenso entre a outra pessoa, é quando sabemos realmente que o que estamos dizendo é de coração.

Ideobilidade Sensiológica

sexta-feira, setembro 22, 2006 § 0

Estamos tão certos de que conhecemos nosso mundo, nossa vida, nossa existência.

Estamos tão crentes de que temos consciência sobre o que acontece conosco.

Temos a certeza absoluta de que sabemos do que acontece a nossa volta, porque temos a visão, podemos ver o que acontece; temos o olfato, podemos sentir o odor do que nos rodeia; temos o tato, podemos sentir a presença do que é concreto; temos a audição, o que nos dá o poder de ouvir há metros de distância algum som característico de algo; e, claro, temos o paladar, o que nos dá uma característica a mais do que está em questão.

E por tudo isso, acreditamos conhecer o que acontece a nossa volta.

Mas e se algo mais está acontecendo, e não sabemos? E se algo está acontecendo a nossa volta, e não temos o veículo necessário para perceber?

Como podemos dizer que conhecemos o que nos rodeia, porque temos os 5 sentidos? Aonde entra o 6º?

E se tudo tem uma característica a mais, e nós só perceberíamos se tivessémos um específico sentido a mais? Como sabemos que tudo o que pode ser sentido de um objeto são o paladar, o tato, olfato, audição ou visão?

Talvez, afinal, somos uma espécie limitada. Talvez a existência tenha muito mais características do que o que conhecemos. Talvez sejamos grosseiros e arrogantes a ponto de pressupor que todas as coisas tenham apenas 5 caracteristicas. Talvez sejamos estúpidos em pressupor que tudo o que as coisas podem nos mostrar, é tudo o que nós podemos sentir.

Talvez sejamos realmente limitados... Limitados a pressupor que não somos limitados.

Outsiders

sábado, setembro 16, 2006 § 0

Franz Ferdinand, 16/09/06

+ imagem maior

A Mulher Que Tudo E Nada Via

sexta-feira, setembro 15, 2006 § 0

Algumas vezes, só algumas vezes, eu gostaria de poder exergar o mundo como as outras pessoas. Mesmo que elas vejam o mundo superficialmente, mesmo que cada uma veja de um jeito, mesmo que muitos não prestem atenção; só algumas vezes, eu gostaria de poder ver o mundo dessa forma simplista, mesmo que só por alguns momentos.

Me dizem que o mundo é cheio de cores, de formatos, de curvas, de retas, traços, cadarços... Talvez eu veja o mundo de forma muito mais completa que muitas pessoas; talvez eu sinta o universo mais do que muitos. Mas mesmo assim, eu gostaria de ver como tudo é.

É como as pessoas aqui na Terra. Todas vivem aqui, fazem coisas aqui, vêem o que tem aqui, sentem o que tem aqui, mas todos gostariam de ter aquela visão ampla do planeta, vista da Lua, por exemplo. É isso. Eu sinto as coisas, eu percebo as coisas, eu tenho gostos e desgostos pelas coisas, mas mesmo assim eu gostaria de ter aquela visão ampla de tudo.

Eu sinto tudo. Eu estou no éter da existencia. Eu estou no nucleo das coisas, eu sinto tudo, eu posso saber de tudo o que acontece com aquela coisa, eu estou dentro, eu estou no lugar mais profundo, que olho nenhum poderia sentir, mas eu quero ver tudo por cima, eu quero subir aos céus, e ver o que as coisas realmente são.

Os traços são inuteis, as cores são desnecessarias, mas eu gostaria de vê-las.

Eu queria, apenas por instantes, poder ver o mundo de uma forma superficial como todos podem.

Eu quero ir ao espaço, e ver o que todos e ninguém vêem.

A Comédia das Entrevistas

quinta-feira, agosto 24, 2006 § 0

Uma coisa que deve ser sempre admirada é a entrevista de emprego. A fauna natural, aquela natureza e o convívio dos animais é cliché perto da entrevista de emprego.

Tudo começa com um comentário ao ar de alguém com déficit de atenção, talvez sobre o tempo, ou então criticando alguma coisa.

O terreno é totalmente desconhecido: não se sabe que lugar é aquele, como deve ser lá dentro, nem quem raios são aquelas outras pessoas, então alguns se sentem na necessidade de conhecê-las, e mesmo com tantos assuntos para escolher, tanta coisa acontecendo no mundo, o infeliz insiste em começar a conversa falando de trabalho, como se a própria situação não fosse o suficiente para sanar esse assunto. E pior, como se falar de emprego não fosse suficiente, começa então a falar sobre justamente a falta de emprego.

"Não! Todas as pessoas aqui estão empregadas, com salário fixo no fim do mês, ganhando bem, e sustentando a família; estão aqui só de mentirinha", de repente me vem na cabeça.

E o mais engraçado é quando alguns começam a compartilhar de histórias de entrevistas, pegadinhas em entrevistas, e blablabla; engraçado porque eles falam de tudo, o que aconteceu, como aconteceu, mas nunca dizem como se livraram da situação. É assim: "eu compartilho com você a parte engraçada; as táticas ficam pra mim. ;)"

Assim vai passando o tempo, as pessoas todas lá esperando sua vez, como se estivessem na sala de espera do próprio dentista, e então sai aquele recém-entrevistado. As pessoas se seguram em suas cadeiras pra não agarrá-lo gritando "como foi!? como foi!?", e resistem honrosamente, até que lhe vem na cabeça que não te importa como foi, porque você se sairá melhor, então, naquela overdose de hipocrisia, você vai e solta "ah, tchau! E... Boa sorte...".

É claro que ela não está desejando boa sorte. Tudo o que ela não quer é que a outra tenha sorte. Ela está se remoendo por dentro em pensamentos do tipo "deve ter espirrado na cara do entrevistador...", ou os mais inseguros, "vai ser atropelado, pobrezinho". E o recém-entrevistado, ouvindo a outra desejando boa sorte, tem plena consciência de que ela deseja exatamente o oposto, mas decide responder à altura, e então solta um "Muito obrigado!", e não contente, querendo superar a idiotisse da primeira pessoa, completa com "Boa sorte pra você também!".

5 segundos depois, os dois viram as costas um pro outro, e o rosto sorridente vira aquela cara de velha-mal-comida, estampado na testa "Eu estava mentido! Ha Ha Ha!".

Lógico que ao final do dia, ninguém mais lembrará de qualquer um deles, com excessão daquela dupla que sempre tem em todas as entrevistas, do rapaz solteiro flertando com a peituda indisponível, mas até ai, existe até no supermercado.

Um dia eu também escrevo sobre a comédia do supermercado, mas nunca você vai achar alguém no supermercado tão hipócrita quanto a galera da entrevista (obviamente, com excessão daquela velha sem vergonha que puxa papo com você na fila do caixa, e sutilmente vai enfiando o carrinho na sua frente, mesmo que seja o caixa rápido, e você só tenha um pacote de bolachas e uma caixa de leite na cesta, mas isso já é outra história).

Talvez

terça-feira, julho 25, 2006 § 0

- Talvez...

- Talvez o quê?

- Talvez você não saiba do que diz.

- Será assim daqui pra frente, então?

- Assim como?

- "Você assim, você assado..."

- Isso depende.

- Do quê?

- Do que você quer ser. Eu posso parar agora mesmo de falar, mas isso não depende de mim. Eu não falo porque quero falar, eu falo porque você me dá motivo para falar.

- Aonde você quer chegar?

- A lugar nenhum. Como eu disse, não depende de mim. Podemos ir a qualquer lugar; isso só depende de você.
O mundo é perfeito demais ao estar contigo. Pode me levar ao Inferno, que ele se tornará um lugar confortável, se eu estiver lá com você.

- Está dizendo que eu deva ir ao Inferno?

- Estou dizendo que você deve me levar aonde quiser; eu sou seu. Eu sou seu, como jamais fui a qualquer outro alguém.

- Não acha que lhe falta um pouco de orgulho?

- Não acha que lhe falta um pouco de paixão?

- Eu não preciso de paixão.

- Claro, exatamente como eu também não preciso do oxigênio em meus pulmões.

- Claro que precisa. Sem ele, você morrerá.

- Exatamente.

- Aonde você quer chegar com tudo isso?

- Eu quero chegar a você.

- Voce já está aqui, eu também.

- Talvez...

- Talvez o quê?

- Talvez sua forma de ver a distância seja diferente da minha.

- Duvido. Eu meço em metros, como todo mundo.

- O mundo é teórico demais para você. Você mede em metros, mas não se pode medir a paixão em metros.

- Mas eu já disse que não preciso de paixão.

- E quem disse que eu estou falando de você?

- Ah, é assim então?

- Assim como?

- "Você assim, você assado.."

- Sensação de dejà vú.

- Talvez você devesse começar a guardar suas palavras para você mesmo.

- Talvez você devesse começar a ouvir mais o que as pessoas têm a te dizer.

- E o que você tem a me dizer?

- Nada.

- Como "nada"?

- Oras. Não é uma questão de o que eu deva falar pra você, mas uma questão de o que você se dispõe a ouvir de mim.

- Por que você insiste em fazer tantos jogos de palavras? Não se cansa desse jogo doentio?

- Você considera as palavras algo doentio? Ah, agora eu entendi o motivo da sua ótima saúde.

- Suas tentativas de me ofender não vão ter efeito algum.

- Já tiveram.

- Como?

- Você acabou de mencionar as ofensas; sinal de que você percebeu, ou seja, teve efeito.

- Me deixe em paz.

- Talvez...

- Talvez o que?

- Talvez você não saiba o que é paz.

- Talvez você não saiba quem é você próprio.

- E quem é você para discutir quem sou e quem não sou?

- Eu sou a pessoa que você ama.

- Eu não te amo. Nunca te amei.

- Você me ama, sim. Você sente paixão, você sente amor, você sente ódio, você sente dor, você sente prazer. Você sente prazer em me odiar, e sente ódio em me amar.
Eu sou tudo o que você quis, tudo o que você não quis. Eu sou tudo.

- Inclusive arrogante.

- E quem é você pra me dizer o que sou e o que não sou?

- Eu sou a pessoa que você odeia. Você ama me odiar, você sente prazer em me machucar. Talvez seja esse o nosso grande problema.

- O que?

- Eu te amo e te odeio, e preciso do seu desprezo, para te amar mais e mais. E você precisa do meu amor, para me desprezar mais e mais. Você se apaixonou por mim. Se apaixonou em me desprezar, e eu me apaixonei em ser desprezado.

- Talvez...

- Talvez o que?

- Talvez você esteja errado.

- Talvez você não esteja apaixonada pelo desprezo?

- Talvez eu não esteja apaixonada por nada.

- Talvez devêssemos parar por aqui.

- Por quê? Chegou à conclusão de que você nada significa para mim?

- Cheguei a conclusão de que eu significo tudo para você, mas não sou eu quem deve anunciar isso a ti. Você irá perceber, mas sozinha, e na hora certa. E na hora em que você perceber que eu significo tudo para você, você já não significará nada mais para mim. E mesmo assim, continuaremos no mesmo lugar em que estávamos desde o começo, provando que, independentemente de nossas escolhas, eu sou tudo para você, e você é tudo para mim.

- Talvez...

- Talvez o que?

- Talvez, simplesmente, como sempre, talvez.

Alternativo

domingo, julho 16, 2006 § 0

Existe um problema no quesito "Alternativo".

Ser "alternativo" é ser diferente, e todos querem ser diferentes, logo, alternativos. Mas quando todos resolvem se tornar alternativos, é justamente quando todos se tornam iguais.

É nessa hora em que quem realmente é alternativo, se torna igual, se tornando assim, de fato, alternativo.

Momento

segunda-feira, julho 10, 2006 § 0

Você precisa ter opções, você precisa ter o mundo.

Você precisa ter a vida em suas mãos, você precisa sentir o frescor da vida, precisa se deliciar com os prazeres da vida.

Você precisa ter a música perfeita às mãos no momento certo; o mundo é feito de momentos certos; a vida é feita de momentos certos.

A vida é feita de momentos.

Portas, Cappuccinos e Dirigíveis

quinta-feira, junho 29, 2006 § 0

E no bar eu entrei, e sentei.

As luzes baixas acompanhavam a música lenta; sua voz me causava uma estranha sensação de calma, de uma forma que não se via desde os tempos das portas de Jim.

Ele cantava no palco, sem palco, calmo como eu, acompanhando aquela guitarra que seguia em algumas notas dedilhadas, que apenas se fazia presente, mas logo se cansou e tomou a posição de destaque, naquele solo egoísta que me lembrava zeppelins no céu.

A música havia terminado, mas... Hey, quem sou eu para me opor à vontade de meus ouvidos?

Dei play novamente, e curti mais uma vez.

Amor-Perfeito

segunda-feira, junho 05, 2006 § 1

Deus criou a Humanidade. Passou anos sendo torturado pelas inúmeras reclamações de seus filhos, infelizes com sua aparência física.

Era obrigado a todos os dias ouvir reclamações tristes e sofridas de pessoas infelizes; e Ele compreendia. Ele compreendia que para aquelas pessoas, a Beleza era algo importante. Isso para Ele era indiscutível; se a pessoa se importava com a Beleza, a Beleza era sim importante. E isso afetava diretamente o humor da pessoa, que afetava diretamente seu empenho no trabalho, na família, nas relações, etc; se ela estava infeliz consigo mesma, automaticamente seu rendimento no trabalho decaía, fosse ele qual fosse; seu humor decaía junto, fazendo seus amigos se distanciarem, tornando-o solitário, e por conseqüência, mais infeliz ainda.

Deus então resolveu consertar isso. Deus escolheu uma pessoa.

Ele se empenhou durante anos analisando a vida de todos os humanos, analisando sua personalidade, como eles viviam, como eles pensavam, como gastavam seu tempo, se empenhavam no trabalho, etc etc. E assim, escolheu um. Escolheu a pessoa que aparentava menos se importar com aparência, e a ela concedeu a Beleza Perfeita.

Deus juntou todos os pequenos detalhes que agradavam a essa pessoa, pegou todos os gostos dela, e agregou tudo isso a ela mesma. Deus juntou tudo o que aquela pessoa considerava bonito em uma pessoa, e colocou nela.

A pessoa agora tinha a chamada Beleza Perfeita. Não era a beleza que agradaria a todos, não era a beleza que agradaria a Deus, não, não; era a Beleza que agradaria à própria pessoa. Era mais do que uma Beleza Perfeita, era a Beleza Absoluta. E era isso o que aquela pessoa tinha.

Deus acreditou que ela então seria a pessoa mais feliz, que isso melhoraria seu humor, que renderia melhor trabalho, que melhoraria suas relações, etc. Em seu próprio conceito, Deus estava errado.

A pessoa descobriu sua nova beleza, num simples momento de sua rotina, em que visitava um lago para se banhar.

Ele se despiu inteiramente para seu banho, e foi entrando no lago, ao que ele ficou petrificado ao encarar seu corpo refletido. Ele encarava ele mesmo, com os olhos fixos nos seus próprios, encantado com aquela beleza esplêndida.

Era uma beleza que ele nunca poderia descrever, era uma beleza que nem ao menos o deixaria falar. A Beleza o prendeu, e o sufucou dentro dele mesmo, num silêncio absoluto, onde nada mais importava, onde nada mais era necessário, porque tudo o que ele precisava, estava ali, na superfície do lago, olhando para ele, igualmente apaixonado.

Era tudo o que ele queria. Ele, frustrado eternamente no amor recíproco, estava, naquele momento, realizado. Ele tinha alguém que o olhava nos olhos, que admirava a fibra mais profunda de seu ser através de seus olhos, de forma apaixonada, de forma apaixonante; e nunca o largava. A pessoa no lago o segurava, o prendia através do olhar fixo, naquele olhar de paixão que o hipnotizava. Aquela beleza que o hipnotizava.

Ele sabia, naquele momento, que nada nunca mais o moveria dali; e ali ele permaneceu, hipnotizado pela pessoa perfeita, numa premissa do amor eterno e sem escrúpulos, por muito tempo, um tempo que ninguém jamais contou, que ele mesmo jamais definiu, porque o tempo não existia, não ali, não entre eles, não entre aquele amor perfeito. Tudo o que existia eram eles.

Então ele decidiu que a distância não era suficiente, que aquela superfície do lago separava algo especial demais, que tudo aquilo devia se unir, que eles deviam se unir. Então ele soube que só havia algo a ser feito; e ele o fez.

Mergulhou água adentro, abandonando tudo que lhe foi dado, tudo que foi construído por ele, todos os que o amavam; abandonou tudo, porque ninguém mais importava. Só uma pessoa importava, só uma pessoa o amava realmente, uma única pessoa o amava da mesma forma que ele a amava, e isso para ele era tudo. Ele conseguiu o que ninguém jamais conseguiu; ele conseguiu um amor num êxtase imensurável, um amor que vinha de ambas as pessoas, num equilíbrio perfeito, não demais, não pouco, simplesmente perfeto, simplesmente tudo.

E lá ele o encontrou, o amor. Na gota de água mais profunda daquele lago, ele encontrou o que sempre procurou, e foi feliz, cada vez mais feliz, a cada braçada contra a água, a cada metro mais profundo, ele estava mais feliz, e mais feliz, enquanto se encaminhava num sono de leve, que foi tomando-o devagarzinho, num sono cada vez mais profundo, mas não menos feliz; um sono cada vez mais feliz, que o tomou por completo, e o abduziu para a eternidade, onde ele viveu num clímax fixo ao lado da pessoa perfeita, na Beleza Perfeita, onde ele tinha tudo o que todos sempre quiseram, e isso para ele era o suficiente.

Arte dos Parágrafos Clones

sábado, maio 27, 2006 § 0

Tudo isso aqui parte de um simples e único conceito, que eu carreguei comigo por toda minha vida: o de que nada é igual.

Nada é igual, do sentido literário e absoluto; nada é igual, independentemente do ponto de vista. A igualdade é um item de alguma matéria de exatas. Não há discussão, não há pontos de vista, não há argumentos; há apenas o fato, de que nada é igual, e essa igualdade é absoluta, sem meio-termos, sem "parecido", "semelhante", etc.

Simplesmente, nada é igual.

A partir disso, o que podemos dizer? Sendo que nada é igual, automaticamente, nada é comparável.

Em sentido absoluto. O "nada" aqui, são todas as coisas, seja num pacote completo de suas características, seja individualmente.

Uma obra artística não é comparada à outra, por mais semelhantes que sejam.

Ao pegar uma obra e compará-la diretamente à outra, você abre mão de todas as características diferenciais de ambas as obras, apenas para fazer jus à sua comparação, que, na prática, trata apenas de pequenos detalhes, quando você julga conveniente tratá-los.

Isso é basicamente um desrespeito a obra, por mais miserável que ela seja. Não se deve pegar uma obra e compará-la completa e diretamente a outra, porque, por mais semelhantes que sejam, na comparação, você estará ignorando pontos comparáveis, para dar lugar ao que lhe interessa, ou então estará comparando pontos absurdamente incomparáveis, apenas porque lhe faltou assunto. E tudo isso, apenas para fazer jus ao seu texto crítico/comparativo.

Nada é comparável.

E isso, ao meu ver, é compreesível a partir de quando você compreende que nada é igual. Se nada é igual, como podemos comparar algo?

E tudo aqui se aplica igualmente a pessoas, que são igualmente imcomparáveis. Na verdade, as pessoas são o motivo inicial desse texto; elas é que costumam ser mais comparadas (ironicamente, comparadas por elas mesmas), e é por isso que resolvi vir até aqui escrever isso; até pelo simples fato de que a humanidade é a raça mais diversificada existente, sendo impossível encontrar dois seres humanos absolutamente iguais, sejam achados, sejam criados.

O que novamente me traz à questão de que nada é igual.

Mas tudo isso você já deve ter entendido (e se não entendeu, sugiro que não leia Arte dos Versos Gêmeos).

Arte dos Versos Gêmeos

segunda-feira, maio 22, 2006 § 1

Ele é
Ninguem mais
Como todos
Nada

Você é
Todos também
Como ninguém
Algo

Nós somos
Alguém mais
Como qualquer um
Foi jamais

Eu sou
Como ninguém mais
Todos também
Somos ninguém

Filogicologias #

quarta-feira, maio 17, 2006 § 1

Biscoito

Fato:

Bis - Coito

coito sm. Cópula.

cópula sf. 1. União, ligação. 2. O ato sexual; coito.

bis interj. Outra vez.

Resultado:

Biscoito = Fazer sexo múltiplas vezes.

E isto tudo, somado aos vários formatos diferentes dos biscoitos, como as em forma de rosquinhas.

Conclusão:

As grandes empresas envolvidas com alimentos estão manipulando nossa mente, instigando nosso desejo de querer sempre mais, através do instinto natural do mamífero de se acasalar.

Solução:

Ir dormir, que já são 3 da manhã, e blog não é lugar pra isso.

Pra isso, inventaram as mesas de bar.

Abstrato

sábado, abril 29, 2006 § 0

De volta
Abaixo
Rápido
Sem pressa

Pensando
Longe
Daqui
Para lá

Quase nada
Porque tudo
Que era
Já foi

De quatro
Quadrado
Galopando
Só andando

De cima
Caindo
Pra baixo
Virado

De um lado
Redondo
Pro outro
Amassado

Tricotado
Costurado
Mofado
Rasgado

Inovado
De volta
Acima
Na sina

Maldita
Dentro
Do pêndulo
Redento

Rodopiando
Correndo
Se arrependendo
Do fim

Goldenapple Gate

quinta-feira, abril 27, 2006 § 0

Goldenapple Gate

Nota Educacional

quarta-feira, abril 26, 2006 § 0

Existem dois tipos de pessoas:

1) A que batalha na vida para conseguir seus sonhos, e mesmo que não consiga, vai entender que não é culpa dela, porque ela batalhou sim.

2) A que se adapta à sua situação, à condição que lhe foi implicada desde seu nascimento, e assim permanece pelo resto da vida, até que chega aos seus 40 anos, e reclama que a culpa é dos outros, e que ninguém será feliz na vida mesmo que lute por isso [porque ela não conseguiu].

As pessoas do segundo tipo, chegam aos 40 anos, com um ou dois filhos, trabalhando pro Governo, e dizem isso para adolescentes de 16 anos:

"Na vida, vocês não vão ter só o que vocês gostam. Vocês vão ter muito mais desgosto do que coisas boas.

Com um incentivo deste, quem precisa de psicólogo?

Nota Sexual

segunda-feira, abril 03, 2006 § 0

"Opção sexual: sexualidade escolhida por um sujeito, podendo ser heterossexual, homossexual, bissexual, e outras. => errado

O termo "opção sexual" foi criado por um hétero homofóbico, que julgava que uma pessoa só seria homossexual se quisesse, e esta concepção está visivelmente errada, tendo em vista que ninguém um dia acorda, olha pro teto, e diz, "hoje estou afim de ser gay".

Cantigas: Escárnio

sexta-feira, março 17, 2006 § 0

A teia é uma rede
Uma rede lucrativa
A rede do dinheiro
A rede do poder

A rede que sabe o que fala
A rede que fala o que deve
A rede que sabe o que deve
A rede que deve iludir

A rede é uma teia
Uma teia do planeta
A teia em globo

A teia que mente
A teia que corrompe e destrói
A teia invisível da ilusão

Strawberry Fields

quarta-feira, março 15, 2006 § 0

Strawberry

03:44

quinta-feira, março 02, 2006 § 0

Ao fim, suspirando
Ainda são 03:44
Tomando fôlego, respirando
Já são 03:44

Ainda, porque parecia sem fim
Já, porque não vi passando
Não percebi os ponteiros marchando
Ecoando o tique-taque em mim

A música cantando sem voz
Junto às teclas, dançando
Martelando, sem ritmo, atroz

Às 03:44, toda a alegria em harmonia
Até o "noc-noc" à porta,
Onde se encontrava a vida, dizendo "bom-dia"

...And So Pleasure

domingo, fevereiro 05, 2006 § 0

E me pego numa situação inusitada, fazendo movimentos que não imaginava que faria, dando gritos de acordo com a melodia, minhas pernas esvoaçando pela pista, dançando com o ritmo, eu gritando, e gritando, num êxtase indescritível, sem pensar em nada, apenas sentindo a música atravessando minha veia, pulsando, dançando, cantando, alegre, por todo meu corpo, meus pés rebeldes fugindo de mim, meu coração batendo acompanhando as batidas da bateria piscodélica, naquela música mais psicodélica ainda, me sentindo fora daquele corpo despreparado, me sentindo num outro corpo, em outro lugar, em outro mundo, em outro universo, num universo dançante, que não pára, não pára, não pára...
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