Archive for agosto 2012

Viagem as nuvens

sexta-feira, agosto 10, 2012 § 1

Queria buscar, trazer-me assim, sem fim, as reticências de mim prolongando-me em um eterno "sim", sem precisar me prestar a moldar meu pensamento, deixando meu sentimento ali, disforme, displicente, uma abstração desvalorizada daquilo que sou senão um desejo de ser, transcender-me a um alimento do meu mundo, suas cores nutrindo um desejo de viver, seus sabores agraciando um prazer de ser, de saber poder ter em si as faíscas do reviver, reconhecer ser o próprio condutor do vagão contendo minha vida, sendo transportada até o local ideal para abrir-se em luz, iluminando aquele que sou e aguardo ser, podendo assim crescer recolhendo e reunindo os fragmentos de mim, me tornando enfim eu, talhado em desejos e fixado em pensamentos, deixando que meus sentimentos espalhem-se pelo chão por onde flutuo, impulsionando-me a subir cada vez mais as nuvens que descrevo e desejo que sejam aquela casa formada para abrigar-nos exatamente como somos, seja como for, sem pensar sobre o que nos falta, pois isso não procede.
Somos nós mesmos tudo aquilo que precisamos ter.

Libertação

domingo, agosto 05, 2012 § 0

O vento passeia as páginas, que dançam embaralhando meus sentimentos, me fazendo correr atrás de minhas cores para descobrir onde estou senão em vários lugares, despido da carne que me envolve, humilde ao mostrar-me cru, abstendo-me dos temperos da ingratidão.
Quero-me assim, livre para sentir, esculpindo meus sentidos em torres de imaginação, perdendo-me pelas florestas do meu coração, carregando em minhas costas apenas a moeda da ignorância pronto para troca-la pelo conhecimento, que me entregam a preço de banana, ocupados demais comercializando toda a materialidade pesada demais para que possamos sequer carregar conosco para onde formos e, acredite, nós vamos embora uma hora e, então, aquele encoberto de bens estará nu, e o nu se verá coberto dos bens da alma, que cuido com carinho levando-a a escola da vida para aprender o que eu posso fazer para que eu possa ser, sem me apressar ou escorregar pela tempestade do caminho.
Vivo da liberdade do pensamento, que planto em meus atos para ver-se aflorar em libertação, ciente de que o sentimento é aquilo que podemos dar, sem precisar esperar o gracejo do cumprimento, sendo nós mesmos a resposta para nossas perguntas.
A verdade é o chão onde pisamos, que pode-se abrir ao mais leve hesitar, tragando-nos para onde não queremos ir, tornando-nos aquilo que não queremos ser.
O que podemos fazer é trilhar, sem precisar enxergar, confiando na escuridão da verdade: de que nascemos para ser feliz, portanto, não precisamos nos preocupar em escolher. Só o que precisamos fazer é sentir.

O que serei

quinta-feira, agosto 02, 2012 § 0

Tô de boa
Quê; vou dizer?
Melhor guardar, deixar aflorar, para que eu possa desdobrar e, assim, poder amar
Vou embora
Vou buscar
Ser, para poder dizer
É mais fácil viver
Sem pensar
Quero abraçar
Retomar a ação ao desejo
Só saborear
Me lambuzar com o gosto de suas vontades
Abdicarei de suas verdades para me tornar seu sonho
Não temerei
Dormirei em você até acordar seu corpo
Não vou voltar atrás
Estarei à frente
Rente a liberdade
Que a saudade me exprima
E ilumina minha paixão
Vivendo da inação
Serei engolido pela inércia de minha razão
Preciso; não
Sou de antemão o desvio do meu destino
E afirmo com precisão
Vivo da ilusão
Se querer é não ter, prefiro não te ter para sempre te querer
Seduzindo-me com sua ausência
Me enlouquecendo pela abstinência
Deixando que a vivência me ensine
A não poder
A não sofrer
A não viver
A não ter
Para que eu possa ser
Você

Obséquio

quarta-feira, agosto 01, 2012 § 0

Tenho medo de falar sozinho; esquecerem-me à beira de um vazio. Contemplo a verdade da retórica, e a hora não sou eu, embora o agora seja ela. Se retorna, me contrai. Mas se vai, e não me acorda. Te quero e te espero, mas me guarda e só recorda. Respondo a pergunta de si, mas do mi se esqueceu e não tocou. Deixou meu silêncio me cantar, e aprendi a falar a língua do um, que não dissemina nem se multiplica, apenas reproduz a lição da solidão que me ensina e não me esquece, nem me deixa e me apetece. Cada parágrafo é o desejo de conhecer um novo um, mas não condiz, e o que se concretiza é a ausência da palavra trocada, uma confissão não raciocinada em que busco um reflexo no espelho da comunicação. Sucinto, revelo meus desejos e te aguardo num amparo. Deixo meu enfoque apenas pela esperança do seu toque.
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