A vontade que eu tinha era de dizer a eles a verdade: que eu sou imortal.
Que, desde o dia em que fomos apresentados, eles ouviriam falar de mim pelo resto de suas vidas, direta ou indiretamente, independentemente.
A vontade que eu tinha era de dizer a eles que ficassem tranqüilos.
Que engolissem a amargura e aceitassem, para o bem, que eu estaria presente em seus ouvidos para o sempre, para o bem.
A vontade que eu tinha era de ser aceito, imortal, entre eles, que morreriam.
Mas a verdade eu nunca disse, aquela vontade. Ao querer que engolissem minha verdade, entendi que era eu quem deveria engolir a mentira deles, de que eram eles os imortais e eu, pobre de mim, que morreria em breve.
Viverei toda a minha imortalidade fingindo estar esperando a morte fingindo estar admirando a imortalidade deles, os que morrerão.
A vontade que eu tinha era de dizer a eles a verdade: que eu sou imortal. Para o bem.
Mas me enterrariam vivo, para o sempre.
Para o bem.