Archive for julho 2005

No Light 'Til Shadow

quinta-feira, julho 28, 2005 § 9

...E lá não haverá boas ações. Haverá, mas serão poucas, e essas poucas serão ofuscadas pela futilidade, hipocrisia, e superficialidade da enorme maioria restante. A morte se tornará algo comum, independentemente das várias formas que aconteçam. Pessoas se dirão contra as guerras, sempre, e independente do motivo, mas nunca farão algo significativo para acabá-las. Essas pessoas serão chamadas pelos mais jovens de "pipocas" (as pessoas que só agitam). Gírias serão algo comum. Na verdade, lá, a própria língua original será substituída por centenas de gírias, que serão usadas (imperceptivelmente) para simplificar as palavras, e tornar a comunicação mais rápida, porque as pessoas estarão ocupadas pensando na roupa que vestirão.
...E lá não haverá misericórdia. Poder será o propósito de tudo. Qualquer boa ação, bom olhar, sorriso agradável... tudo terá um segundo propósito, uma "segunda intenção". Aliás, esse termo será muito comum lá, mas eles não perceberão que ele representa muito mais do que apenas um termo comum. Todos os que tiverem poder irão querer mais poder. Grande parte das más intenções serão camufladas. As poucas pessoas "sem máscaras" serão as odiadas pelas outras pessoas, as que irão à julgamento, as que serão tidas como as poucas que estragam a sociedade. Essas pessoas serão as mais honestas.
...E lá não haverá sensatez. Até os mais inteligentes se desapontarão ao perceber como eles são. Até os mais pensadores se perderão nos pensamentos. Até os mais filósofos falarão besteiras que nunca teriam dito normalmente. Os mais superficiais serão os mais felizes, os mais seguros. Todos serão bonecos, simples seres vivos, fazendo o que foram programados para fazerem, dizerem o que deverão dizer, pensar o que foram programados para pensar. Tudo será uma grande simulação, um grande programa de simulação de vidas, onde tudo está conectado, todas as ações são previsíveis, mas ninguém nunca percebe. Os pouquíssimos que perceberão o que a coisa realmente é serão tidos como loucos, anarquistas, filósofos baratos, ou então os poucos que terão poder para mostrar essa realidade à massa, serão tidos como "bons artistas", e nada mais.
...E lá não haverá percepção. Todos os temores criados por um órgão comunicativo antigo e poderoso, que todos acreditavam, na verdade estava realmente acontecendo. Todas as desgraças previstas estarão acontecendo debaixo de seu nariz, e ninguém perceberá. Todas as predições serão levadas ao pé da letra, e o que realmente significava, se perderá no meio da ignorância, e quando esta realmente acontecer, ninguém perceberá. Lá, todos viverão sobre o óleo na água, sem nunca quererem saber o que tem através do óleo, e no fundo da água, mesmo sabendo que lá há todas as respostas, mas por pura preguiça, talvez, não irão querer abrir um mero espaço entre o óleo, pra mergulhar na água tão misteriosa.
...E lá não haverá luz até escurecer. Não haverá bondade, até haver a maldade. Não haverá felicidade, até haver a tristeza. Não haverá luz, até haver sombras.

SP

Simplimento Pensalista

domingo, julho 03, 2005 § 0

Vivemos onde vivemos, não porque queremos, mas porque vivemos.
Estar presente é uma condição, não uma opção.
Enquanto estivermos, estaremos porque estamos, assim como morremos porque morremos, não porque queremos morrer. Inconscientemente, morremos; achamos que nos matamos, mas ninguém se mata, todos morrem.
Vivemos onde vivemos porque vivemos, não porque queremos.

Momento de Refletir em Prosa

sexta-feira, julho 01, 2005 § 5

Nós precisamos parar. Nós precisamos parar de vez em quando, para olhar as folhas caírem, os carros passarem. Nós precisamos parar um pouco para pensar na vida. Nós precisar parar um pouco de pensar na vida. Nós precisamos dar-nos um descanso físico e psicologico que todos necessitamos. Nós precisamos dar umas férias ao lado esquerdo do nosso cérebro. Nós precisamos parar um pouco para olhar as crianças correrem pelo parque. Nós precisamos parar de olhar para o espelho. Nós precisamos desligar o carro. Nós precisamos guardar as contas à pagar por alguns dias a mais. Nós precisamos sentar, olhar pra frente, e olhar para o nada. Nós precisamos relaxar. Nós precisamos deitar na grama verde e macia, olhar para o céu, e ficar tentando descobrir o que cada nuvem parece. Nós precisamos parar de vez em quando para aproveitar o momento. Esqueçam o famoso "não deixe para amanhã", e deixe para amanhã. De que serviria o hoje se não pudéssemos aproveitá-lo? De que serviria o amanhã, se não pudéssemos deixar algumas coisas para ele? Precisamos enfiar a bunda no sofá, puxar um banquinho para esticar as pernas, pegar o controle da televisão, e deixar o sedentarismo tomar conta. Precisamos tirar um dia para ler aquele livro que começamos há mais de anos, e não tivemos oportunidade para terminá-lo. Precisamos fazer mais uso da cama. Precisamos comprar o travesseiro mais gordo e fofo que tiver, e fazer uso dele durante uma noite calma e confortável que você deseja há anos. Precisamos tirar as pilhas do relógio de parede, e colocar o de pulso dentro da gaveta. Precisamos parar e olhar para a água caindo do céu. Precisamos nos admirar com as coisas mais simples da vida durante pelo menos um dia. Precisamos recuperar aquela curiosidade infantil que tivemos. Precisamos rir das coisas mais obvias possíveis. Precisamos ler aquelas piadas sem graça que nosso avô contava, e soltar uma gargalhada leve e sincera. Precisamos olhar para o bolo queimado, e soltar um sorriso simpático e bem humorado. Precisamos parar de vez em quando para olhar para o chão e ver as formigas passarem com suas folhas. Precisamos seguir essas formigas, até seus formigueiros, na praça. Precisamos achar um banco de pedra na praça e sentarmos. Precisamos sentar no banco, tirar os sapatos, e pisar com os pés descalços naquela grama macia. Precisamos massagear a sola dos nossos pés naquela grama, pensando na música que mais gostamos. Precisamos cantar a música que mais gostamos. Precisamos esticar as pernas e deitar as costas no banco de pedra. Precisamos deitar no banco, olhar para o céu, e fechar os olhos.

Todos os direitos reservados. Tecnologia do Blogger.