Archive for junho 2012

Olhares

sexta-feira, junho 29, 2012 § 0

Sentou
Me olhou
Desolhou

Me olhou
Sorriu
Desolhei

Vem

quinta-feira, junho 28, 2012 § 0

Vem se agrupar,
se ver, ver,
e se for,
se ir,
se não voltar,
não vou amar,
se ir,
e se for,
se vem,
se agrupar;
Vou amar.

Ato

segunda-feira, junho 25, 2012 § 0

Às vezes, até uma inação pode-se descobrir uma ação.

Desejo resguardado

sábado, junho 23, 2012 § 0

Querer sempre o poder foi seu mal, que prostrava-o sem igual.
Sabia ter seu queijo e sua faca em mãos, mas o desejo do corte era só o que consumia.
Poder sim; poderia, não.
A ansiedade arranhava-lhe a inanição indesejada.
Quando se é jovem se quer tudo, até morrer.
De tanto querer, cortou-se a verdade exacerbada.

A busca evoca-se

sexta-feira, junho 22, 2012 § 0

Uma viagem não habituada traz os frescores indizíveis daquele que não olha para trás, e carrega consigo os frascos das essências dos mundos estrangeiros para onde recorrera; recorda-se das variações dos tons que sobrepunham-se às melodias que cantarolava irremediavelmente, enquanto busca a cura para o mal reinante.
Taciturno, um bom homem busca as respostas para aquilo que não pode descrever, servindo-se da água-benta que lhe oferecem, purificando-se pelo caminho que trilha sem saber necessariamente por que. A ausência do versículo se mostra um novo sintoma a ser contido.
A busca evoca-se.

A Você

quinta-feira, junho 21, 2012 § 0

É com certo receio que venho lhe escrever hoje, receio de que nada do que eu lhe disser o fará esquecer de que me esqueci, mesmo que por meros dois dias, desta data tão especial. E nem te adianta dizer que me lembrei, e apenas senti aquele frio na barriga de te corresponder, pois a essa altura já deve ter milhares de sentenças percorrendo-lhe as idéias, e não serei eu que tentarei te convencer do contrário. Sabe que por menor que seja minha atitude, suas intenções são as mais honestas e sinceras que poderia ter.
Relembro com frescor de como tudo começou, a ansiedade, aquele grito abafado de um calor apaixonado, as vontades de realizar toda uma vida num único segundo, de te dizer o quanto te amava com cada palavra que nunca conhecera, o dicionário em mãos para descrever cada silhueta formada por seus sabores, que me deliciava a cada oportunidade, mesmo que tomasse semanas em branco, na hora certa estávamos ali, você e eu, prontos para criar mais uma etapa nessa nossa breve vida. Digo breve pois julgo ter nascido quando te conheci, logo, não sou nada além de uma criança de sete anos guardando todas as expectativas de uma vida inteira juntos, pois, vejo como o início de algo que somente hoje tive a tranqüilidade de compreender, frente os uivos de sofredor apaixonado que batia a porta atrás de si para ir embora para sempre pelos próximos quinze dias, e voltava romanticamente como se houvesse acabado de descobrir o amor pela primeira vez pela décima vez.
Tudo era novo, cada dúvida era uma nova página desconhecida que tentávamos desbravar, de mãos dadas, temendo e enfrentando todos os preconceitos e julgamentos que poderíamos encontrar pela frente..
Temi cada palavra desconexa gritada num momento de desespero para me arrepender no minuto seguinte e querer de todas as formas apagar e fingir que nunca aconteceu sob meu maior medo, que era o de feri-lo. Nunca compreendi bem meus sentimentos, por isso me julgava incapaz de pronunciá-los com precisão, e até hoje me amedronto com a ideia de que me compreenda mal, mas já entendi que o medo sou eu, portanto, não preciso temer.
Confio em você como confio em cada hera que lança seus abraços naturalizando uma construção vil. No fundo, sei que não preciso me preocupar, mas não consigo abrir mão daquele medo de que tudo possa dar errado a qualquer momento, apenas para constatar que tudo está dando certo, e que nosso amor só tem a crescer cada dia mais.
Nesses sete anos senti todos os sentimentos que lhe descrevi apenas para querer sentir ainda mais, por isso, se um dia for, irei com a paz de ter meu dever cumprido, que era o de te amar a cada dia de minha vida, mas espero que demore muito, para que possamos comemorar ainda mais vezes esse dezenove de Junho desta forma, juntinhos, como sempre esteve escrito para ser.
A você, MOURISMENT.


De seu amante eterno,

Renan Cesar Antunes

Lucky Strike

quarta-feira, junho 20, 2012 § 0

Uma temeridade insípida penetra o corpo regurgitante, substituindo suas proezas pela propaganda de um mal anunciado, propagando sua enfermidade pelas palavras de condolência que não ousa cessar, sem se resguardar da ciência de fazê-lo contra suas vias de sobrevivência, trancando-lhe uma sobriedade da qual almeja se reconstruir, contudo tendo seus tijolos assentando-lhe a alma cada vez mais fundo na recorrência de uma invalidez desconsiderada, tua razão sinalizando a mão contrária à qual percorria assiduamente com os faróis desligados sob a névoa que, dissipando-lhe a lucidez, emoldurava-o num paradigma do qual ignorava ser capaz de se desvencilhar.
Sua memória resvala-se por cordilheiras de tempos obstruídos, ocupando-o com o deleite amargante da não realização das oportunidades que escorregavam por entre o ocre que emanava o sabor de uma solidão prematura e indesejada, renegando uma intuição da qual nunca pudera abdicar, pois não era sua para fazê-lo, assim como o próprio sujeito de sua morbidez, que dependia da boa vontade de seus predicados para regozijar-se de sua inabilidade em abnegar de sua condição de sombra para seus frutos, que assistia desprenderem-se sem seu herói para pegá-los habilmente em tempo suficiente para que se perdesse tudo pelo qual lutamos para conquistar, dia a dia, com a fé de que o próximo será melhor, não obstante um esforço, ainda que básico, em não zarpar os mapas desenhados por outros, para outros, tendo a paciência de descobrir o que foi traçado para si, a maturidade para conhecê-lo, a responsabilidade para percorrê-lo, e a hombridade para sê-lo, pois, somente com tamanha leveza se alcançará o patamar daquela história escrita para que somente nós mesmos pudéssemos protagonizá-la.

Descontínuo

terça-feira, junho 19, 2012 § 0

Nada continua, tudo descontinua
Olho no olho, dente no dente
Vesícula desajeitada, mulher caída
Dente no olho, vida passada

A Cura

segunda-feira, junho 18, 2012 § 0

A dor se cura com o tratamento adequado, prosseguido, e não abandonado.

Sentido

sábado, junho 16, 2012 § 0

Amor é de onde a gente vem, e pra onde a gente vai.

Um incorrigível desejar saber

quarta-feira, junho 13, 2012 § 0

Um incorrigível desejar saber é o pensamento nutrido não firmado em páginas cruas e não temperadas, embora desejadas por cozidas ou refogadas, numa fome insaciável do pão abençoado, frente um anseio iminente de tecer o não colorido e de comer o ainda não preparado, a partir de um passo não ensaiado e de um refúgio desistido. Uma linha prevista sobre uma folha frita, e acaba que o desconhecido se torna iludido, e o passado permanecido.

Um esforço básico

terça-feira, junho 12, 2012 § 0

Um esforço, ainda que básico, é bem vindo.
Não há necessidade de preocupação, mas sim de uma ocupação, ainda que básica.
É um bem pequeno e ainda que singelo, mas a intenção é boa e, portanto, reconhecida.
Pequena no tamanho, mas grande de natureza.
O importante é prosseguir, com fé e destreza, para conquistar a confiança dos gigantes que darão passagem.
Um esforço, ainda que básico, é bem vindo, não há dúvida.
Só é preciso acreditar em si mesmo e nas pessoas à sua volta.

Uma desatenção sabida

sexta-feira, junho 08, 2012 § 0

Hora de chegar
O desejo se realizar
O ser se verbalizar e, assim
se tornar
Um desejo respondido
Uma lâmpada externada
e a luz restaurada
O concerto programado
de um conserto assistido
O anseio nutrido de uma voz declamada
A paz cantada da alma memorizada
Uma voz sentida
Seus sentidos retomados numa conversão proibida
E, ainda, exaurida
aclamada e, ainda,
consentida
Uma subversão ao polemizado
Um pensamento gravado
O doce saboreado sob a condensação infindável do conhecimento pleiteado por conhecido
Um Saber desejado
Uma presença abstraída enquanto
abnegada
O quieto inquieto
Uma cabeça que se ergue
Se argumentaliza sem se negar
Seu retomar se equilibrar
Sua escrita se desenhar
Seu colorir se realizar
Seu repetir se exaurir
E sua paz permanecer
Uma vontade destilada
Concretizada após
fermentada
Uma mancha predestinada
Sua linha recobrada
O não dito reconhecido
E o rito concluído
Uma desatenção amada e,
portanto
sabida.

Êxito

sexta-feira, junho 01, 2012 § 0

O êxito, aquele que não
A excitação, que não
O não, aquele que hesito.
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