Archive for julho 2006

Talvez

terça-feira, julho 25, 2006 § 0

- Talvez...

- Talvez o quê?

- Talvez você não saiba do que diz.

- Será assim daqui pra frente, então?

- Assim como?

- "Você assim, você assado..."

- Isso depende.

- Do quê?

- Do que você quer ser. Eu posso parar agora mesmo de falar, mas isso não depende de mim. Eu não falo porque quero falar, eu falo porque você me dá motivo para falar.

- Aonde você quer chegar?

- A lugar nenhum. Como eu disse, não depende de mim. Podemos ir a qualquer lugar; isso só depende de você.
O mundo é perfeito demais ao estar contigo. Pode me levar ao Inferno, que ele se tornará um lugar confortável, se eu estiver lá com você.

- Está dizendo que eu deva ir ao Inferno?

- Estou dizendo que você deve me levar aonde quiser; eu sou seu. Eu sou seu, como jamais fui a qualquer outro alguém.

- Não acha que lhe falta um pouco de orgulho?

- Não acha que lhe falta um pouco de paixão?

- Eu não preciso de paixão.

- Claro, exatamente como eu também não preciso do oxigênio em meus pulmões.

- Claro que precisa. Sem ele, você morrerá.

- Exatamente.

- Aonde você quer chegar com tudo isso?

- Eu quero chegar a você.

- Voce já está aqui, eu também.

- Talvez...

- Talvez o quê?

- Talvez sua forma de ver a distância seja diferente da minha.

- Duvido. Eu meço em metros, como todo mundo.

- O mundo é teórico demais para você. Você mede em metros, mas não se pode medir a paixão em metros.

- Mas eu já disse que não preciso de paixão.

- E quem disse que eu estou falando de você?

- Ah, é assim então?

- Assim como?

- "Você assim, você assado.."

- Sensação de dejà vú.

- Talvez você devesse começar a guardar suas palavras para você mesmo.

- Talvez você devesse começar a ouvir mais o que as pessoas têm a te dizer.

- E o que você tem a me dizer?

- Nada.

- Como "nada"?

- Oras. Não é uma questão de o que eu deva falar pra você, mas uma questão de o que você se dispõe a ouvir de mim.

- Por que você insiste em fazer tantos jogos de palavras? Não se cansa desse jogo doentio?

- Você considera as palavras algo doentio? Ah, agora eu entendi o motivo da sua ótima saúde.

- Suas tentativas de me ofender não vão ter efeito algum.

- Já tiveram.

- Como?

- Você acabou de mencionar as ofensas; sinal de que você percebeu, ou seja, teve efeito.

- Me deixe em paz.

- Talvez...

- Talvez o que?

- Talvez você não saiba o que é paz.

- Talvez você não saiba quem é você próprio.

- E quem é você para discutir quem sou e quem não sou?

- Eu sou a pessoa que você ama.

- Eu não te amo. Nunca te amei.

- Você me ama, sim. Você sente paixão, você sente amor, você sente ódio, você sente dor, você sente prazer. Você sente prazer em me odiar, e sente ódio em me amar.
Eu sou tudo o que você quis, tudo o que você não quis. Eu sou tudo.

- Inclusive arrogante.

- E quem é você pra me dizer o que sou e o que não sou?

- Eu sou a pessoa que você odeia. Você ama me odiar, você sente prazer em me machucar. Talvez seja esse o nosso grande problema.

- O que?

- Eu te amo e te odeio, e preciso do seu desprezo, para te amar mais e mais. E você precisa do meu amor, para me desprezar mais e mais. Você se apaixonou por mim. Se apaixonou em me desprezar, e eu me apaixonei em ser desprezado.

- Talvez...

- Talvez o que?

- Talvez você esteja errado.

- Talvez você não esteja apaixonada pelo desprezo?

- Talvez eu não esteja apaixonada por nada.

- Talvez devêssemos parar por aqui.

- Por quê? Chegou à conclusão de que você nada significa para mim?

- Cheguei a conclusão de que eu significo tudo para você, mas não sou eu quem deve anunciar isso a ti. Você irá perceber, mas sozinha, e na hora certa. E na hora em que você perceber que eu significo tudo para você, você já não significará nada mais para mim. E mesmo assim, continuaremos no mesmo lugar em que estávamos desde o começo, provando que, independentemente de nossas escolhas, eu sou tudo para você, e você é tudo para mim.

- Talvez...

- Talvez o que?

- Talvez, simplesmente, como sempre, talvez.

Alternativo

domingo, julho 16, 2006 § 0

Existe um problema no quesito "Alternativo".

Ser "alternativo" é ser diferente, e todos querem ser diferentes, logo, alternativos. Mas quando todos resolvem se tornar alternativos, é justamente quando todos se tornam iguais.

É nessa hora em que quem realmente é alternativo, se torna igual, se tornando assim, de fato, alternativo.

Momento

segunda-feira, julho 10, 2006 § 0

Você precisa ter opções, você precisa ter o mundo.

Você precisa ter a vida em suas mãos, você precisa sentir o frescor da vida, precisa se deliciar com os prazeres da vida.

Você precisa ter a música perfeita às mãos no momento certo; o mundo é feito de momentos certos; a vida é feita de momentos certos.

A vida é feita de momentos.
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