Archive for setembro 2006

Bonecas de Tortura

domingo, setembro 24, 2006 § 0

Eu costumo reclamar incansavelmente das crianças, mas existem certos momentos que me levam a crer que quem sofre são elas.

Nós vivemos reprimidos na nossa sociedade, sem conseguir expressar nossos verdadeiros sentimentos, sem nem ao menos conseguir agir como realmente queríamos, e então, acabamos agindo de acordo com a sociedade.

Aí então nós vemos uma criança, um bebê, e lembramos instantaneamente que ela não tem noção de qualquer coisa, não entenderá nada do que fizermos, e nem ao menos se lembrará depois. E então o que fazemos? Começamos a torturar o pobre bebê, fazendo caretas, abrindo e fechando a boca de forma grotesca, fazendo as caras mais ridículas possíveis, tudo o que nós gostaríamos de fazer normalmente e não podemos. Usamos as crianças para liberar toda a merda que temos dentro de nós, e depois, ainda temos a cara de pau de ficar reclamando que elas são um pé no saco.

Se elas lembrassem de tudo isso depois, as chances de isso se tornar tão inaceitável socialmente quanto xingar seriam enormes.

Nota Sentimental

sábado, setembro 23, 2006 § 0

Eu acho excitante e admirável aqueles momentos de êxtase e felicidade em que sentimos a maior vontade de dizer "eu te amo".

Acho realmente uma delícia aquele momento de alegria, em que nos sentimos mais propícios a dizer "eu te amo" a quem amamos de verdade.

Mas não são nesses momentos em que expressamos nosso verdadeiro amor. Dizer que amamos nesses momentos é fácil.

O "eu te amo" mais sincero e verdadeiro, é aquele que vem depois de uma briga horrorosa, em fúria com a outra pessoa... O amor verdadeiro deve se expressar em todos os momentos, e quando tornamos possível dizer "eu te amo" no momento mais tenso entre a outra pessoa, é quando sabemos realmente que o que estamos dizendo é de coração.

Ideobilidade Sensiológica

sexta-feira, setembro 22, 2006 § 0

Estamos tão certos de que conhecemos nosso mundo, nossa vida, nossa existência.

Estamos tão crentes de que temos consciência sobre o que acontece conosco.

Temos a certeza absoluta de que sabemos do que acontece a nossa volta, porque temos a visão, podemos ver o que acontece; temos o olfato, podemos sentir o odor do que nos rodeia; temos o tato, podemos sentir a presença do que é concreto; temos a audição, o que nos dá o poder de ouvir há metros de distância algum som característico de algo; e, claro, temos o paladar, o que nos dá uma característica a mais do que está em questão.

E por tudo isso, acreditamos conhecer o que acontece a nossa volta.

Mas e se algo mais está acontecendo, e não sabemos? E se algo está acontecendo a nossa volta, e não temos o veículo necessário para perceber?

Como podemos dizer que conhecemos o que nos rodeia, porque temos os 5 sentidos? Aonde entra o 6º?

E se tudo tem uma característica a mais, e nós só perceberíamos se tivessémos um específico sentido a mais? Como sabemos que tudo o que pode ser sentido de um objeto são o paladar, o tato, olfato, audição ou visão?

Talvez, afinal, somos uma espécie limitada. Talvez a existência tenha muito mais características do que o que conhecemos. Talvez sejamos grosseiros e arrogantes a ponto de pressupor que todas as coisas tenham apenas 5 caracteristicas. Talvez sejamos estúpidos em pressupor que tudo o que as coisas podem nos mostrar, é tudo o que nós podemos sentir.

Talvez sejamos realmente limitados... Limitados a pressupor que não somos limitados.

Outsiders

sábado, setembro 16, 2006 § 0

Franz Ferdinand, 16/09/06

+ imagem maior

A Mulher Que Tudo E Nada Via

sexta-feira, setembro 15, 2006 § 0

Algumas vezes, só algumas vezes, eu gostaria de poder exergar o mundo como as outras pessoas. Mesmo que elas vejam o mundo superficialmente, mesmo que cada uma veja de um jeito, mesmo que muitos não prestem atenção; só algumas vezes, eu gostaria de poder ver o mundo dessa forma simplista, mesmo que só por alguns momentos.

Me dizem que o mundo é cheio de cores, de formatos, de curvas, de retas, traços, cadarços... Talvez eu veja o mundo de forma muito mais completa que muitas pessoas; talvez eu sinta o universo mais do que muitos. Mas mesmo assim, eu gostaria de ver como tudo é.

É como as pessoas aqui na Terra. Todas vivem aqui, fazem coisas aqui, vêem o que tem aqui, sentem o que tem aqui, mas todos gostariam de ter aquela visão ampla do planeta, vista da Lua, por exemplo. É isso. Eu sinto as coisas, eu percebo as coisas, eu tenho gostos e desgostos pelas coisas, mas mesmo assim eu gostaria de ter aquela visão ampla de tudo.

Eu sinto tudo. Eu estou no éter da existencia. Eu estou no nucleo das coisas, eu sinto tudo, eu posso saber de tudo o que acontece com aquela coisa, eu estou dentro, eu estou no lugar mais profundo, que olho nenhum poderia sentir, mas eu quero ver tudo por cima, eu quero subir aos céus, e ver o que as coisas realmente são.

Os traços são inuteis, as cores são desnecessarias, mas eu gostaria de vê-las.

Eu queria, apenas por instantes, poder ver o mundo de uma forma superficial como todos podem.

Eu quero ir ao espaço, e ver o que todos e ninguém vêem.
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