Archive for outubro 2005

Comentando as "Informações Demais"

quinta-feira, outubro 06, 2005 § 0

Até alguns dias atrás, eu sinceramente não imaginava o poder que um blog poderia ter. Na verdade, não é bem o blog, e sim o conteúdo que possui tal poder. Ainda mais quando o tal blog tem tal conteúdo.
Eu não vou mentir pra você. Eu não me supreendi. Eu sempre cogitei essa possibilidade. Mas não por você. Por mim. Porque eu sempre vi com grande admiração as semelhanças entre pessoas de mesmo sangue.
Foi estranho ler tudo aquilo, com você bem do meu lado. Na verdade, não foi bem isso.. hehehe. Eu lia tudo aquilo, só que era como se eu estivesse lendo capítulos de um livro. Talvez aquele livro já estivesse na metade. Mas eu não acho. Acho que o que eu estava lendo era um grande capítulo de um importante livro que ainda estava no começo; um livro que ainda está no começo. Sem dúvida, um dos livros mais importantes pra mim, embora eu não seja um dos personagens principais. Talvez eu apenas tenha uma participação mais indireta nesse livro. Mas ainda existem vários anos pela frente para nós dois começarmos a participar mais freqüentemente de nossos livros. O meu sem dúvida ainda está no começo, mas mesmo assim, voce já teve grande participação nele, embora não perceba.
Parecia pra mim que eu estava lendo um conto. Foi estranho assimilar toda aquela história como sendo sua. Enquanto eu lia, eu estava até um pouco apático. Eu tinha as mesmas exaltações que eu teria se fosse um livro comum. Só depois que eu li, depois mesmo, que eu consegui assimilar tudo aquilo a você. Não foi à toa que eu não falei nada enquanto você ainda estava aqui. A ficha ainda não tinha caído. Foi como quando você assiste um filme. Você primeiro fica repassando todos aqueles acontecimentos, sozinho ali, pensando, pra depois poder discutir sobre ele. Foi isso. Eu tinha acabado de assistir um filme sobre você, dirigido por você, com você como personagem principal, mas precisei de um tempo pra poder discutir sobre ele.
Mas, sinceramente, não há nada a discutir, não é? Eu realmente achei legal você ter me dado aquilo para ler. Eu realmente senti que estava conquistando mais um pequeno espaço na sua vida.
Eu estou usando o meu blog para falar sobre isso com você porque só existe um lugar em que nós dois nos encontramos; e é justamente esse lugar em que nós não podemos falar sobre isso.
Mas na verdade, eu estou também usando isso como pretexto. Porque eu ainda não consigo conversar direito com você olhando nos seus olhos. Antes de te ver como amigo, eu ainda vejo aquele cara grandão, inteligentíssimo, do qual eu passei toda a minha vida me espelhando pra tentar ser alguém decente, ao menos.
Mas mesmo assim, depois de um tempo, eu descobri que eu não preciso ficar me baseando completamente em você. Depois de todo esse tempo, eu percebi que nossas semelhanças são grandes. Eu não me vejo chegando a ser alguém como você. Mas por certos detalhes, é indiscutível nossa semelhança. Isso eu acho bem interessante, porque mesmo com tantas semelhanças, precisamos passar por tantos estágios pra conseguir quebrar barreiras invisíveis que bloqueiam a personalidade de um para o outro; quando na verdade, deveríamos ser grandes amigos. Mas também tem aquele grande fator da idade né. Épocas diferentes, amigos diferentes, histórias diferentes, assuntos diferentes.
Talvez algum dia quebraremos essa barreira.
E, sobre o tal assunto, sinceramente, eu acho normal, tanto que nem me surpreendi. Mas existe um ponto que eu achei indispensável de se dizer: lendo tudo aquilo, eu percebi, e achei honesto de te dizer, que mesmo com tantas semelhanças que eu percebi nesses 16 anos, no dia em que eu li tudo aquilo, eu percebi que nós somos muito mais parecidos do que eu esperava.

terça-feira, outubro 04, 2005 § 0

"Sabe... eu acho que cada pessoa é destinada a fazer alguma coisa enquanto viva [talvez haja alguma coisa a ser feita depois de morta também, mas isso eu só vou saber mais tarde]. Digo isso porque é só olhar ao nosso redor e veremos pessoas trabalhando, fazendo outras felizes, sendo felizes, alimentando pássaros na praça, cuidando de seus filhos... Todas essas pessoas fazem muitas coisas em suas vidas, e eu acho que talvez haja uma em especial. Talvez cada pessoa tenha sua própria "missão". Não deve ser à toa que cada pessoa tenha um dom. Não deve ser à toa que cada pessoa seja boa em algo. Talvez seja através desses dons que cada pessoa deva cumprir sua tarefa, embora não saiba qual. E eu acredito que o meu dom seja essa minha mania de ficar admirando as coisas, pensar sobre essas coisas e, conseqüentemente, chegar a outros pensamentos, que levarão a dúvidas, questões, discussões, e enfim chegando à sabedoria¹ [embora essa palavra seja muito mais complexa do que pareça].
Não deve ser à toa que eu fique tanto tempo pensando em tantas coisas, em tão pouco tempo. Talvez todas as pessoas sejam assim e eu não saiba. Talvez todas as pessoas são assim, embora pouquíssimas demonstrem. Digo isso porque "superficialidade" é uma das melhores palavras para representar milhões de pessoas.
Talvez não seja à toa que eu esteja de pé há quase uma hora na janela do quarto da minha mãe, escrevendo isso ao som dos carros passando, e da chuva caindo.
Talvez essa minha mania de pensar sobre tudo seja meu dom e, conseqüentemente, a minha forma de fazer a minha "missão".
Ou talvez eu seja mais um louco no meio da multidão, e que será internado pela família logo quando as mesmas lerem essas palavras.
A incerteza é um dos caminhos com mais bifurcações. A incerteza leva a muitos caminhos. Uma pessoa incerta pode chegar à conclusão, à incerteza absoluta, à loucura, etc, etc, etc... Pode ser que através da incerteza do que eu realmente sou, eu chegue à conclusão de que eu sou louco. Mas, mesmo se eu fosse louco, eu seria um louco pensador [e que gosta de escrever].
Estão vendo? Em várias linhas, parágrafos, pontos e exclamações, eu me perdi do meu assunto principal. Eu não queria falar se eu sou louco ou não; eu queria falar como é estranho ser eu.
Há horas eu estou nessa janela, admirando as pessoas. E durante esse tempo eu vi várias pessoas, e pensei dezenas de coisas sobre cada uma.
Meus pensamentos são rápidos e vagos (dispersos) demais para eu conseguir transcrevê-los em palavras. A diferença entre o que eu escrevo e o que eu penso é enorme. É incrivel parar para pensar sobre os meus pensamentos [!... pensar sobre pensar...!]. Simplesmente passam muitas coisas, ao mesmo tempo, em pouco tempo, durante muito tempo. Eu me perco no meio dos pensamentos. Eu começo pensando sobre a batida do carro de hoje à tarde, e acabo no preço do pão francês que subiu. Eu tenho a leve impressão de que é assim com todos, ou com a maioria, mas me espanta pensar na quantidade de comentários superficiais que eu já ouvi. É difícil encontrar alguém que leve seus pensamentos a sério. É difícil encontrar alguém que dê atenção aos próprios pensamentos².
Na verdade, eu estou é cansado das pessoas que se preocupam com o aniversário do protagonista do filme que lançou nesta semana. Estou cansado das pessoas que ficam sabendo de um acidente de carro e vai até lá apenas para saber o que aconteceu. Estou cansado das pessoas que deixam o volume da televisão abaixado apenas para poder ouvir o seu vizinho saindo, para saber dos horários da sua vida (para saber da sua rotina). Estou cansado das pessoas que se preocupam com coisas incomensuravelmente fúteis³. Eu adoraria se as pessoas limitassem-se aos seus proprios problemas. O mundo seria muito melhor se as pessoas pensassem sobre seus atos. Mas não antes de fazê-los... depois. Eu adoraria ver as pessoas com remorso das coisas fúteis que acabaram de fazer (nesse tempo eu já estava começando a tratar as pessoas futeis menos pessoalmente, e ser mais intolerante).
Hehe... viram? Comecei falando dos dons das pessoas, e terminei falando do meu ódio da superficialidade.
Eu não gosto muito desse meu jeito de me perder, mas pode ser útil para alguma coisa. Não sei o quê (pra quê), mas pode ter.
Mas foi muito interessante me ver pensando sobre várias coisas, a partir de algumas situações (falando sobre aquela situação: olhando pela janela). Mas, conseguir passar os meus pensamentos para frases não deve ser o meu dom. Isso é algo que eu devo melhorar bastante para alguém conseguir entender o que eu estou querendo dizer.
E, aproveitando o final de assunto, eu vou indo. Minha perna, onde eu estou apoiado, já está doendo, meus dedos também, eu já escrevi uma folha frente e verso e outra só a frente, minhas folhas estão encharcadas de água da chuva, e meu prato está esfriando. Té mais... "
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