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Outra de Amor e Dor
sexta-feira, maio 23, 2008 Comments Off
- E você? Como está?
Ele então se curva em direção aos pés, e começa a retirar o cadarço de seu tênis. Se levanta de volta, pega o punho fechado da amiga, que começa a enrolar com o cordão, até dar fortes nós, que machucam a garota.
- Que porra...!?
- To te respondendo. É assim que me sinto.
- Com a mão pulsando de dor de tão presa que está!?
- Não a mão. O coração.
Ele então se curva em direção aos pés, e começa a retirar o cadarço de seu tênis. Se levanta de volta, pega o punho fechado da amiga, que começa a enrolar com o cordão, até dar fortes nós, que machucam a garota.
- Que porra...!?
- To te respondendo. É assim que me sinto.
- Com a mão pulsando de dor de tão presa que está!?
- Não a mão. O coração.


Despedida
quinta-feira, abril 10, 2008 Comments Off
O amigo o vê chegando, que se senta a seu lado.
- Estou entediado. O que faremos hoje?
- Não sei. Tenho já meus planos. Você não fará nada?
- Não. Devo ir pra casa e dormir. Deve ser o mais o próximo de animação que conseguirei hoje. E você? O que fará?
- Nada demais. Devo morrer.
- Legal.
[...]
- Só tem isso a dizer?
- Como assim?
- Acabo de dizer que vou morrer.
- E eu disse "legal".
- Não se importa?
- Claro que me importo. Te amo. Mas você parece decidido.
- Não vai tentar me salvar? Convença-me de que é um erro!
- Mas não é um erro.
[...]
- Vou morrer.
- Cuidado pra não se machucar.
[...]
- Mas vou morrer.
- Mas até morrer pode doer né. Toma cuidado.
[...]
- Por que faz isso?
- Isso o que?
- Essa apatia toda. Não sentirá falta de mim?
- Muito. Muito. Muito.
- E então!?
- Mas você não morreu ainda.
[...]
- E quando eu morrer? Quando toda essa saudade bater aí?
- Aí eu viro para meu outro amigo, num dia comum, e quando ele me perguntar o que pretendo do meu dia, digo que morrerei.
- Por mim?
- Não. Por saudade.
- A saudade é tão grande assim?
- Maior que você.
- Não me ama então?
- Amo sim. Mas amo mais a falta que você me faz.
- Então eu aqui agora não te afeta em nada?
- Não.
- E quando eu te afetarei?
- Quando você se for daqui.
- Não prefere me querer enquanto estou aqui agora? Logo terei de ir. Já estou atrasado.
- Não consigo te querer agora. Você já está aqui.
- Vou me sentar ali então.
[...]
- Volte pra cá.
- Me quer agora?
- Agora sim.
- Mas ficarei aqui então. Aqui não te quero.
- Por que não?
- Porque você não está aqui.
[...]
- Vou morrer.
- Você já disse.
[...]
- Quando você morrer, sentirei sua falta.
- Você também já disse.
[...]
- Não temos nada mais a dizer então?
- Acho que não. Acho que você já pode ir morrer.
- Adeus então.
- Adeus. E se cuide, novamente. Tente não se machucar.
- Tentarei. Te amo.
[...]
- Não dirá que me ama também?
- Agora não. Vou esperar você morrer.
- Ok.
- Adeus.
- Adeus.
- Estou entediado. O que faremos hoje?
- Não sei. Tenho já meus planos. Você não fará nada?
- Não. Devo ir pra casa e dormir. Deve ser o mais o próximo de animação que conseguirei hoje. E você? O que fará?
- Nada demais. Devo morrer.
- Legal.
[...]
- Só tem isso a dizer?
- Como assim?
- Acabo de dizer que vou morrer.
- E eu disse "legal".
- Não se importa?
- Claro que me importo. Te amo. Mas você parece decidido.
- Não vai tentar me salvar? Convença-me de que é um erro!
- Mas não é um erro.
[...]
- Vou morrer.
- Cuidado pra não se machucar.
[...]
- Mas vou morrer.
- Mas até morrer pode doer né. Toma cuidado.
[...]
- Por que faz isso?
- Isso o que?
- Essa apatia toda. Não sentirá falta de mim?
- Muito. Muito. Muito.
- E então!?
- Mas você não morreu ainda.
[...]
- E quando eu morrer? Quando toda essa saudade bater aí?
- Aí eu viro para meu outro amigo, num dia comum, e quando ele me perguntar o que pretendo do meu dia, digo que morrerei.
- Por mim?
- Não. Por saudade.
- A saudade é tão grande assim?
- Maior que você.
- Não me ama então?
- Amo sim. Mas amo mais a falta que você me faz.
- Então eu aqui agora não te afeta em nada?
- Não.
- E quando eu te afetarei?
- Quando você se for daqui.
- Não prefere me querer enquanto estou aqui agora? Logo terei de ir. Já estou atrasado.
- Não consigo te querer agora. Você já está aqui.
- Vou me sentar ali então.
[...]
- Volte pra cá.
- Me quer agora?
- Agora sim.
- Mas ficarei aqui então. Aqui não te quero.
- Por que não?
- Porque você não está aqui.
[...]
- Vou morrer.
- Você já disse.
[...]
- Quando você morrer, sentirei sua falta.
- Você também já disse.
[...]
- Não temos nada mais a dizer então?
- Acho que não. Acho que você já pode ir morrer.
- Adeus então.
- Adeus. E se cuide, novamente. Tente não se machucar.
- Tentarei. Te amo.
[...]
- Não dirá que me ama também?
- Agora não. Vou esperar você morrer.
- Ok.
- Adeus.
- Adeus.


Músicas
quinta-feira, março 13, 2008 Comments Off
O menino tem cerca de 7 anos, e traja panos humildes, de cores pastéis. Está sentado com um par de fones de ouvido nas orelhas. Seu amigo, trajado parecido, fica impaciente com o silêncio.
- Deixa eu ver o que você está ouvindo.
Enfia a mão no bolso do menino, procurando algo, que não encontra. Além de moedas, e papéis amassados, encontra a ponta solta dos fones. O menino continua a cantar.
- Cadê!?
O menino tira tranqüilamente um fone do ouvido, em sinal de poder escutar.
- Cadê o quê?
- Cadê a música?
- Aqui ué.
- Aqui onde?
- Aqui em mim.
Ele coloca o fone de volta, e continua a cantar. O amigo insiste.
- Deixa eu ouvir.
O menino continua cantando.
- Deixa eu ouvir.
O menino percebe o amigo, e retira o fone novamente.
- Oi?
- Deixa eu ouvir!
- Não posso.
- Por quê?
- Você não conseguiria ouvir. Só eu consigo.
Ele coloca os fones novamente. O amigo se vira pra frente, olhando pro nada, com olhar triste. O menino o percebe, e se volta a ele.
- Aqui, espera.
O menino enfia as mãos num bolso e tira outro par de fones, tão estragado quanto o que usa. Estende-o para o amigo.
- Toma. Agora você pode ouvir sua música também.
O amigo coloca então os fones, vira-se pra frente, e ficam os dois, sentados, sorrindo, com suas músicas.
- Deixa eu ver o que você está ouvindo.
Enfia a mão no bolso do menino, procurando algo, que não encontra. Além de moedas, e papéis amassados, encontra a ponta solta dos fones. O menino continua a cantar.
- Cadê!?
O menino tira tranqüilamente um fone do ouvido, em sinal de poder escutar.
- Cadê o quê?
- Cadê a música?
- Aqui ué.
- Aqui onde?
- Aqui em mim.
Ele coloca o fone de volta, e continua a cantar. O amigo insiste.
- Deixa eu ouvir.
O menino continua cantando.
- Deixa eu ouvir.
O menino percebe o amigo, e retira o fone novamente.
- Oi?
- Deixa eu ouvir!
- Não posso.
- Por quê?
- Você não conseguiria ouvir. Só eu consigo.
Ele coloca os fones novamente. O amigo se vira pra frente, olhando pro nada, com olhar triste. O menino o percebe, e se volta a ele.
- Aqui, espera.
O menino enfia as mãos num bolso e tira outro par de fones, tão estragado quanto o que usa. Estende-o para o amigo.
- Toma. Agora você pode ouvir sua música também.
O amigo coloca então os fones, vira-se pra frente, e ficam os dois, sentados, sorrindo, com suas músicas.


De Pesos e Levezas
segunda-feira, fevereiro 18, 2008 Comments Off
- E se nos jogarmos daqui agora?
- Não faria sentido.
- Não é para ter sentido. É para ter uma solução.
- Essa não é a solução.
- É sim. A solução é sempre a mesma. Voar. Isso simplifica tudo. Voar.
- Sim... Voar.
- Então? E se nos jogarmos daqui agora?
- Não faria sentido.
- Não é para ter sentido. É para voar.
- Você não voaria.
- Você não voaria.
- Eu cairia.
- Sim, você cairia. Por quê? Você sabe por que.
- Porque não me faria sentido.
- Você quer, mas não acredita, não te faz sentido... Então você cai. Você cairá. Sim, sempre.
- E te faz sentido?
- Não é pra ter sentido. É pra voar. É a solução. Ir. Ir. Assim, estalando os dedos... Fácil assim.
- Não é fácil assim. Não é leve assim. É sempre mais amplo, complexo... Profundo. Sempre maior. Mais pesado. São muitas questões, muito a se discutir. É muito.
- Todo esse peso que vê é justamente o que te faz cair. Você não conseguirá voar comigo enquanto não se soltar de todas essas correntes, esses pesos, isso tudo aí, tudo isso. Solte-se.
- Mas não faz sentido.
- Não é pra ter sentido. É pra voar. Voe comigo. Voe comigo.
- Afaste-se daí. Venha! Volte aqui! Não faz sentido! Volte!
- Não é pra ter sentido!
- Solte minhas mãos! Não! Não faz sentido!
- Não é pra ter sentido! É pra voar!
- Não faz sentido!
- Pra voar! Voar! Voar!
- Não faria sentido.
- Não é para ter sentido. É para ter uma solução.
- Essa não é a solução.
- É sim. A solução é sempre a mesma. Voar. Isso simplifica tudo. Voar.
- Sim... Voar.
- Então? E se nos jogarmos daqui agora?
- Não faria sentido.
- Não é para ter sentido. É para voar.
- Você não voaria.
- Você não voaria.
- Eu cairia.
- Sim, você cairia. Por quê? Você sabe por que.
- Porque não me faria sentido.
- Você quer, mas não acredita, não te faz sentido... Então você cai. Você cairá. Sim, sempre.
- E te faz sentido?
- Não é pra ter sentido. É pra voar. É a solução. Ir. Ir. Assim, estalando os dedos... Fácil assim.
- Não é fácil assim. Não é leve assim. É sempre mais amplo, complexo... Profundo. Sempre maior. Mais pesado. São muitas questões, muito a se discutir. É muito.
- Todo esse peso que vê é justamente o que te faz cair. Você não conseguirá voar comigo enquanto não se soltar de todas essas correntes, esses pesos, isso tudo aí, tudo isso. Solte-se.
- Mas não faz sentido.
- Não é pra ter sentido. É pra voar. Voe comigo. Voe comigo.
- Afaste-se daí. Venha! Volte aqui! Não faz sentido! Volte!
- Não é pra ter sentido!
- Solte minhas mãos! Não! Não faz sentido!
- Não é pra ter sentido! É pra voar!
- Não faz sentido!
- Pra voar! Voar! Voar!


Destempo
sábado, fevereiro 02, 2008 Comments Off
Ele sai correndo atormentado pela casa. O piso torna-se escorregadio com suas lágrimas. Pega todos os relógios de parede, um por um, arranca o fundo, e coloca-os de volta com a frente virada para a parede. Ao terminar de virar o último, o grande na parede principal da sala, senta-se numa cadeira virado de frente para o relógio invertido, e começa a enxugar as lágrimas, tentando conter o choro.
Seu irmão, vendo-o, absolutamente sem compreensão, fixa o olhar nele ao perguntar séria e lividamente.
- Que porra...!? Por que fez isso com os relógios!?
Ele começa a tentar responder, e ao perceber que só o que sai de seus lábios são grunhidos em notas desformes, sentindo o choro sair de dentro de si, pára e respira, tentando se recompor novamente. Com calma, usando longas pausas, responde, sem ousar tirar os olhos do grande relógio na parede, que agora batia seu longo ponteiro em sentido inverso.
- Estou esperando. Daqui há algumas horas, estaremos de volta no hospital, na sala com ela. Estou esperando voltar a chance que perdi de dizer a ela que a amo.
Seu irmão, vendo-o, absolutamente sem compreensão, fixa o olhar nele ao perguntar séria e lividamente.
- Que porra...!? Por que fez isso com os relógios!?
Ele começa a tentar responder, e ao perceber que só o que sai de seus lábios são grunhidos em notas desformes, sentindo o choro sair de dentro de si, pára e respira, tentando se recompor novamente. Com calma, usando longas pausas, responde, sem ousar tirar os olhos do grande relógio na parede, que agora batia seu longo ponteiro em sentido inverso.
- Estou esperando. Daqui há algumas horas, estaremos de volta no hospital, na sala com ela. Estou esperando voltar a chance que perdi de dizer a ela que a amo.


A Opacidade da Vida
domingo, janeiro 20, 2008 Comments Off
A mãe, então, retira os gelos da fôrma. Enquanto os coloca nos copos, a menina olha deliciosamente admirada para os gelos que, fortemente, brilham como cristais. O olhar ingênuo da menina logo brilha igualmente.
- Nossa... Como é bonito, né mãe?
- Sim, é mesmo. Nem parece de verdade.
A menina olha meio confusa.
- Por quê?
Com a consciência de uma seca verdade, o olhar da mãe se esvai ao responder morbidamente para a menina, como quem declara a morte a um jovem.
- Porque a vida real não é bela assim.
Ela mergulha então os últimos gelos no copo que, em meio à cor do suco, perdem totalmente seu brilho, tornando-se foscos e sem vida, assim como o olhar da menina a partir de então.
- Nossa... Como é bonito, né mãe?
- Sim, é mesmo. Nem parece de verdade.
A menina olha meio confusa.
- Por quê?
Com a consciência de uma seca verdade, o olhar da mãe se esvai ao responder morbidamente para a menina, como quem declara a morte a um jovem.
- Porque a vida real não é bela assim.
Ela mergulha então os últimos gelos no copo que, em meio à cor do suco, perdem totalmente seu brilho, tornando-se foscos e sem vida, assim como o olhar da menina a partir de então.


De Justiça, Ética, e Moral
quarta-feira, janeiro 09, 2008 Comments Off
- Olhe... Vou ser muito sincero com você, rapaz. Acho muito nobre tudo isso, mas enquanto você estiver aqui conosco, é aconselhável que pegue toda essa sua ética e moral e esconda-as numa gaveta bem longe. Você não usará nada disso aqui.
Ah. E se você quer mesmo meu conselho, digo que pegue isso e destrua em flamas, porque, de verdade, depois de viver tudo isso aqui, você nunca mais terá coragem ou vontade de usá-las novamente. Acredite.
Ah. E se você quer mesmo meu conselho, digo que pegue isso e destrua em flamas, porque, de verdade, depois de viver tudo isso aqui, você nunca mais terá coragem ou vontade de usá-las novamente. Acredite.


Mecânica
quinta-feira, janeiro 03, 2008 Comments Off
- Você continuaria me amando normalmente se soubesse que te amo igualmente?
- Não. Meu amor por você depende da incerteza e da falta de reciprocidade. Agora não te amo mais.
- Então já não posso mais te amar também, porque meu amor por você depende da certeza de sua eternidade, e o amor que você sente por mim não é puro.
- Se engana. Meu amor por você é puro. Só a razão dele é que não.
- Não. Meu amor por você depende da incerteza e da falta de reciprocidade. Agora não te amo mais.
- Então já não posso mais te amar também, porque meu amor por você depende da certeza de sua eternidade, e o amor que você sente por mim não é puro.
- Se engana. Meu amor por você é puro. Só a razão dele é que não.


No Escuro
terça-feira, janeiro 01, 2008 Comments Off
Eles começam a se despir lentamente. Dan pega em suas mãos, dá um beijo no canto de sua boca, e dá a volta, até ficar às suas costas. Pega uma venda e começa a colocá-la nele, que o impede.
- Não... Por quê? Eu quero poder te ver.
- Porque eu quero que você me ame pelo que sou, não pelo que aparento ser.
- Não... Por quê? Eu quero poder te ver.
- Porque eu quero que você me ame pelo que sou, não pelo que aparento ser.


Démon
segunda-feira, dezembro 31, 2007 Comments Off
- Save me now, for I am Death, and shall not have the mercy of the end.
- Salvação nenhuma tens a ti reservada, pois, pelos caminhos da eternidade por demônios sejas conduzido.
- Salvação nenhuma tens a ti reservada, pois, pelos caminhos da eternidade por demônios sejas conduzido.


Honra de Homens
Comments Off
- Te amo como meu amigo, meu irmão, meu pai, meu filho... Mas sabes que deve ser feito.
- O sei bem. Mas amor nada tem a ver com isso. Não camufle a lama com flores. Seja homem, honre teu ato. Não perca a dignidade e o faça tão cedo possa.
- Abandone esse manto de amargura, meu irmão, que verá que é por amor que isto faço. É pelo amor que tanto sinto por ti que o faço olhando em teus olhos. Abrace-me. Encontre em meus braços o amor do fim.
O outro, então, caminha, de cabeça erguida, e o abraça.
Ele segura a cabeça do outro, conforme esse vai perdendo as forças aos poucos, caindo ao chão.
- Adeus, meu irmão.
Limpa sua adaga, guarda-a bem, e se vai.
- O sei bem. Mas amor nada tem a ver com isso. Não camufle a lama com flores. Seja homem, honre teu ato. Não perca a dignidade e o faça tão cedo possa.
- Abandone esse manto de amargura, meu irmão, que verá que é por amor que isto faço. É pelo amor que tanto sinto por ti que o faço olhando em teus olhos. Abrace-me. Encontre em meus braços o amor do fim.
O outro, então, caminha, de cabeça erguida, e o abraça.
Ele segura a cabeça do outro, conforme esse vai perdendo as forças aos poucos, caindo ao chão.
- Adeus, meu irmão.
Limpa sua adaga, guarda-a bem, e se vai.


De Poder e Movimento
sexta-feira, dezembro 28, 2007 § 0
Ele, então, sai correndo até o armário em seu quarto, que revira, até encontrar sua câmera filmadora. Tenta ligá-la enquanto volta correndo à sala. Pára em frente a seu amigo, há certa distância, e segura firmemente a câmera apontada a seu amigo, enquanto olha diretamente nos seus olhos, e diz, com uma assustadora segurança e determinação:
- Mãos ao alto.
O amigo permance calado por algum tempo.
- Isso não é uma arma.
Ele respira fundo.
- Sim. Isso é.
- Mãos ao alto.
O amigo permance calado por algum tempo.
- Isso não é uma arma.
Ele respira fundo.
- Sim. Isso é.


Teatro de Areia
sexta-feira, dezembro 14, 2007 § 0
- Não sei. Talvez quando estava mentindo, estava dizendo a verdade. Já não sei mais. Meus personagens falam através de mim, usam minha boca... Não, não... NÃO! Eu falo através de meus personagens, uso sua boca... Não, não... Não? Sim. Sim, sim... Sim? Sim o quê? O que falei? Eu falei? Não não, não falei. Eu atuei. É diferente. Estou incorporando outros personagens, outras vidas. Estou vivendo a vida dos outros. Não. Estou mentindo. Estou vivendo minha vida disfarçada da vida dos outros. Estou atuando. Estou..? Atuando..? Não. Estou contando verdades disfarçadas de mentiras. De personagens. Estou vivendo outros personagens sob a carcaça de mim mesmo. Ahm.. Não. Estou vivendo minha carcaça disfarçada de outros personagens.


Coração
quinta-feira, dezembro 13, 2007 § 0
- Pare de chorar.
- Não consigo. Já disse. Meu coração está se rasgando.
- "Rasgando"? Não seria rachando? Quebrando? Despedaçando?
- Não. Rasgando. Se tivesse se despedaçado, seria simplesmente como uma pedra se quebrando. Doeria na hora. Mas não. Vivo a tortura de sentí-lo se repuxando, esticando, rasgando aos pouquinhos... Rasgando. Não quebrando, não rachando. Rasgando. As pessoas que lamentam ter o coração despedaçado não sabem o bem que isso é.
- Não consigo. Já disse. Meu coração está se rasgando.
- "Rasgando"? Não seria rachando? Quebrando? Despedaçando?
- Não. Rasgando. Se tivesse se despedaçado, seria simplesmente como uma pedra se quebrando. Doeria na hora. Mas não. Vivo a tortura de sentí-lo se repuxando, esticando, rasgando aos pouquinhos... Rasgando. Não quebrando, não rachando. Rasgando. As pessoas que lamentam ter o coração despedaçado não sabem o bem que isso é.


Dialogue
quarta-feira, dezembro 05, 2007 § 0
- Maybe...
- Maybe what?
- Maybe you don’t know what you say.
- It’s gonna be like that from now on?
- Like what?
- "You this, you that..."
- That depends.
- On what?
- On what you wanna be. I can stop talking right now, but it doesn’t depend on me. I don’t talk because I want to, I talk because you give me reasons to.
- Where are you trying to get to?
- Nowhere. Just like I said, doesn’t depends on me. We can go anywhere, it just depends on you.
The world is too perfect when I’m with you. You can take me to Hell, that it’s gonna become a comfortable place, if I’m there with you.
- Are you saying I should go to Hell?
- I’m saying you should take me anywhere; I’m yours. I’m yours as I was never anyone else’s.
- Don’t you think it’s missing a little bit of pride in you?
- Don’t you think it’s missing a little bit of passion in you?
- I don’t need passion.
- Sure, just like I don’t need the oxygen in my lungs either.
- Of course you need. Without it, you’ll die.
- Exactly.
- What’s your point?
- You.
- You’re already here, me too.
- Maybe...
- Maybe what?
- Maybe your way to see the distance is different than mine.
- I doubt it. I measure in meters, like everyone else.
- The world is too theoretical for you. You measure in meters, but you can’t measure passion like that.
- But I told you already I don’t need passion.
- And who said I was talking about you?
- Oh, so that’s how it’s going to be?
- How what?
- "You this, you that...”
- Dejà vú feeling.
- Maybe you should start keeping your words to yourself.
- Maybe you should start listening more what people have to say to you.
- And what do you have to say to me?
- Nothing.
- What do you mean “nothing”?
- Well... It’s not a matter of what I have to say to you, but a matter of what you’ll be willing to listen.
- Why do you persist with all these words games? Don’t you ever get tired of this sick game?
- You consider word a sickness? Oh, now I get your great health.
- Your tentative to offend me won’t take any effect.
- Already did.
- How?
- You just mentioned it; sign that you noted, so, it had effect.
- Leave me in peace.
- Maybe...
- Maybe what?
- Maybe you don’t know what peace is.
- Maybe you don’t know who yourself are.
- And who are you to discuss who am I or am I not?
- I am the person you love.
- I do not love you. I never did.
- You love me, yes. You feel passion, you feel love, you feel hate, you feel pain, you feel pleasure. You feel pleasure in hating me, and feel hate in loving me.
I’m everything you ever wanted, everything you never wanted. I am everything.
- Including arrogant.
- And who are you to tell me what am I or am I not?
- I am the person you hate. You love to hate me, you feel pleasure in hurting me. Perhaps that’s our greatest problem.
- What?
- I love you and I hate you, and I need your despise, to love you more and more. And you need my love, to despise me more and more. You fell in love with me. Fell in love with despising me, and I fell in love with been despised.
- Maybe...
- Maybe what?
- Maybe you’re wrong.
- Maybe you haven’t fell in love with despise?
- Maybe I’m not in love with anything.
- Maybe we should stop right here.
- Why? Have you reached the conclusion that you mean nothing to me?
- I have reached the conclusion that I mean everything to you, but it’s not apt to me to announce it. You shall realize, but on your own, and in the right time. And by the time you realize I mean everything to you, you won’t mean anything to me anymore. And even then, we’ll still be in the same place we were from the beginning, proving that, wherever are our choices, I am everything to you, and you are everything to me.
- Maybe...
- Maybe what?
- Maybe, simply, as always, maybe.
______
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- Maybe what?
- Maybe you don’t know what you say.
- It’s gonna be like that from now on?
- Like what?
- "You this, you that..."
- That depends.
- On what?
- On what you wanna be. I can stop talking right now, but it doesn’t depend on me. I don’t talk because I want to, I talk because you give me reasons to.
- Where are you trying to get to?
- Nowhere. Just like I said, doesn’t depends on me. We can go anywhere, it just depends on you.
The world is too perfect when I’m with you. You can take me to Hell, that it’s gonna become a comfortable place, if I’m there with you.
- Are you saying I should go to Hell?
- I’m saying you should take me anywhere; I’m yours. I’m yours as I was never anyone else’s.
- Don’t you think it’s missing a little bit of pride in you?
- Don’t you think it’s missing a little bit of passion in you?
- I don’t need passion.
- Sure, just like I don’t need the oxygen in my lungs either.
- Of course you need. Without it, you’ll die.
- Exactly.
- What’s your point?
- You.
- You’re already here, me too.
- Maybe...
- Maybe what?
- Maybe your way to see the distance is different than mine.
- I doubt it. I measure in meters, like everyone else.
- The world is too theoretical for you. You measure in meters, but you can’t measure passion like that.
- But I told you already I don’t need passion.
- And who said I was talking about you?
- Oh, so that’s how it’s going to be?
- How what?
- "You this, you that...”
- Dejà vú feeling.
- Maybe you should start keeping your words to yourself.
- Maybe you should start listening more what people have to say to you.
- And what do you have to say to me?
- Nothing.
- What do you mean “nothing”?
- Well... It’s not a matter of what I have to say to you, but a matter of what you’ll be willing to listen.
- Why do you persist with all these words games? Don’t you ever get tired of this sick game?
- You consider word a sickness? Oh, now I get your great health.
- Your tentative to offend me won’t take any effect.
- Already did.
- How?
- You just mentioned it; sign that you noted, so, it had effect.
- Leave me in peace.
- Maybe...
- Maybe what?
- Maybe you don’t know what peace is.
- Maybe you don’t know who yourself are.
- And who are you to discuss who am I or am I not?
- I am the person you love.
- I do not love you. I never did.
- You love me, yes. You feel passion, you feel love, you feel hate, you feel pain, you feel pleasure. You feel pleasure in hating me, and feel hate in loving me.
I’m everything you ever wanted, everything you never wanted. I am everything.
- Including arrogant.
- And who are you to tell me what am I or am I not?
- I am the person you hate. You love to hate me, you feel pleasure in hurting me. Perhaps that’s our greatest problem.
- What?
- I love you and I hate you, and I need your despise, to love you more and more. And you need my love, to despise me more and more. You fell in love with me. Fell in love with despising me, and I fell in love with been despised.
- Maybe...
- Maybe what?
- Maybe you’re wrong.
- Maybe you haven’t fell in love with despise?
- Maybe I’m not in love with anything.
- Maybe we should stop right here.
- Why? Have you reached the conclusion that you mean nothing to me?
- I have reached the conclusion that I mean everything to you, but it’s not apt to me to announce it. You shall realize, but on your own, and in the right time. And by the time you realize I mean everything to you, you won’t mean anything to me anymore. And even then, we’ll still be in the same place we were from the beginning, proving that, wherever are our choices, I am everything to you, and you are everything to me.
- Maybe...
- Maybe what?
- Maybe, simply, as always, maybe.
______
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Talvez
terça-feira, julho 25, 2006 § 0
- Talvez...
- Talvez o quê?
- Talvez você não saiba do que diz.
- Será assim daqui pra frente, então?
- Assim como?
- "Você assim, você assado..."
- Isso depende.
- Do quê?
- Do que você quer ser. Eu posso parar agora mesmo de falar, mas isso não depende de mim. Eu não falo porque quero falar, eu falo porque você me dá motivo para falar.
- Aonde você quer chegar?
- A lugar nenhum. Como eu disse, não depende de mim. Podemos ir a qualquer lugar; isso só depende de você.
O mundo é perfeito demais ao estar contigo. Pode me levar ao Inferno, que ele se tornará um lugar confortável, se eu estiver lá com você.
- Está dizendo que eu deva ir ao Inferno?
- Estou dizendo que você deve me levar aonde quiser; eu sou seu. Eu sou seu, como jamais fui a qualquer outro alguém.
- Não acha que lhe falta um pouco de orgulho?
- Não acha que lhe falta um pouco de paixão?
- Eu não preciso de paixão.
- Claro, exatamente como eu também não preciso do oxigênio em meus pulmões.
- Claro que precisa. Sem ele, você morrerá.
- Exatamente.
- Aonde você quer chegar com tudo isso?
- Eu quero chegar a você.
- Voce já está aqui, eu também.
- Talvez...
- Talvez o quê?
- Talvez sua forma de ver a distância seja diferente da minha.
- Duvido. Eu meço em metros, como todo mundo.
- O mundo é teórico demais para você. Você mede em metros, mas não se pode medir a paixão em metros.
- Mas eu já disse que não preciso de paixão.
- E quem disse que eu estou falando de você?
- Ah, é assim então?
- Assim como?
- "Você assim, você assado.."
- Sensação de dejà vú.
- Talvez você devesse começar a guardar suas palavras para você mesmo.
- Talvez você devesse começar a ouvir mais o que as pessoas têm a te dizer.
- E o que você tem a me dizer?
- Nada.
- Como "nada"?
- Oras. Não é uma questão de o que eu deva falar pra você, mas uma questão de o que você se dispõe a ouvir de mim.
- Por que você insiste em fazer tantos jogos de palavras? Não se cansa desse jogo doentio?
- Você considera as palavras algo doentio? Ah, agora eu entendi o motivo da sua ótima saúde.
- Suas tentativas de me ofender não vão ter efeito algum.
- Já tiveram.
- Como?
- Você acabou de mencionar as ofensas; sinal de que você percebeu, ou seja, teve efeito.
- Me deixe em paz.
- Talvez...
- Talvez o que?
- Talvez você não saiba o que é paz.
- Talvez você não saiba quem é você próprio.
- E quem é você para discutir quem sou e quem não sou?
- Eu sou a pessoa que você ama.
- Eu não te amo. Nunca te amei.
- Você me ama, sim. Você sente paixão, você sente amor, você sente ódio, você sente dor, você sente prazer. Você sente prazer em me odiar, e sente ódio em me amar.
Eu sou tudo o que você quis, tudo o que você não quis. Eu sou tudo.
- Inclusive arrogante.
- E quem é você pra me dizer o que sou e o que não sou?
- Eu sou a pessoa que você odeia. Você ama me odiar, você sente prazer em me machucar. Talvez seja esse o nosso grande problema.
- O que?
- Eu te amo e te odeio, e preciso do seu desprezo, para te amar mais e mais. E você precisa do meu amor, para me desprezar mais e mais. Você se apaixonou por mim. Se apaixonou em me desprezar, e eu me apaixonei em ser desprezado.
- Talvez...
- Talvez o que?
- Talvez você esteja errado.
- Talvez você não esteja apaixonada pelo desprezo?
- Talvez eu não esteja apaixonada por nada.
- Talvez devêssemos parar por aqui.
- Por quê? Chegou à conclusão de que você nada significa para mim?
- Cheguei a conclusão de que eu significo tudo para você, mas não sou eu quem deve anunciar isso a ti. Você irá perceber, mas sozinha, e na hora certa. E na hora em que você perceber que eu significo tudo para você, você já não significará nada mais para mim. E mesmo assim, continuaremos no mesmo lugar em que estávamos desde o começo, provando que, independentemente de nossas escolhas, eu sou tudo para você, e você é tudo para mim.
- Talvez...
- Talvez o que?
- Talvez, simplesmente, como sempre, talvez.
- Talvez o quê?
- Talvez você não saiba do que diz.
- Será assim daqui pra frente, então?
- Assim como?
- "Você assim, você assado..."
- Isso depende.
- Do quê?
- Do que você quer ser. Eu posso parar agora mesmo de falar, mas isso não depende de mim. Eu não falo porque quero falar, eu falo porque você me dá motivo para falar.
- Aonde você quer chegar?
- A lugar nenhum. Como eu disse, não depende de mim. Podemos ir a qualquer lugar; isso só depende de você.
O mundo é perfeito demais ao estar contigo. Pode me levar ao Inferno, que ele se tornará um lugar confortável, se eu estiver lá com você.
- Está dizendo que eu deva ir ao Inferno?
- Estou dizendo que você deve me levar aonde quiser; eu sou seu. Eu sou seu, como jamais fui a qualquer outro alguém.
- Não acha que lhe falta um pouco de orgulho?
- Não acha que lhe falta um pouco de paixão?
- Eu não preciso de paixão.
- Claro, exatamente como eu também não preciso do oxigênio em meus pulmões.
- Claro que precisa. Sem ele, você morrerá.
- Exatamente.
- Aonde você quer chegar com tudo isso?
- Eu quero chegar a você.
- Voce já está aqui, eu também.
- Talvez...
- Talvez o quê?
- Talvez sua forma de ver a distância seja diferente da minha.
- Duvido. Eu meço em metros, como todo mundo.
- O mundo é teórico demais para você. Você mede em metros, mas não se pode medir a paixão em metros.
- Mas eu já disse que não preciso de paixão.
- E quem disse que eu estou falando de você?
- Ah, é assim então?
- Assim como?
- "Você assim, você assado.."
- Sensação de dejà vú.
- Talvez você devesse começar a guardar suas palavras para você mesmo.
- Talvez você devesse começar a ouvir mais o que as pessoas têm a te dizer.
- E o que você tem a me dizer?
- Nada.
- Como "nada"?
- Oras. Não é uma questão de o que eu deva falar pra você, mas uma questão de o que você se dispõe a ouvir de mim.
- Por que você insiste em fazer tantos jogos de palavras? Não se cansa desse jogo doentio?
- Você considera as palavras algo doentio? Ah, agora eu entendi o motivo da sua ótima saúde.
- Suas tentativas de me ofender não vão ter efeito algum.
- Já tiveram.
- Como?
- Você acabou de mencionar as ofensas; sinal de que você percebeu, ou seja, teve efeito.
- Me deixe em paz.
- Talvez...
- Talvez o que?
- Talvez você não saiba o que é paz.
- Talvez você não saiba quem é você próprio.
- E quem é você para discutir quem sou e quem não sou?
- Eu sou a pessoa que você ama.
- Eu não te amo. Nunca te amei.
- Você me ama, sim. Você sente paixão, você sente amor, você sente ódio, você sente dor, você sente prazer. Você sente prazer em me odiar, e sente ódio em me amar.
Eu sou tudo o que você quis, tudo o que você não quis. Eu sou tudo.
- Inclusive arrogante.
- E quem é você pra me dizer o que sou e o que não sou?
- Eu sou a pessoa que você odeia. Você ama me odiar, você sente prazer em me machucar. Talvez seja esse o nosso grande problema.
- O que?
- Eu te amo e te odeio, e preciso do seu desprezo, para te amar mais e mais. E você precisa do meu amor, para me desprezar mais e mais. Você se apaixonou por mim. Se apaixonou em me desprezar, e eu me apaixonei em ser desprezado.
- Talvez...
- Talvez o que?
- Talvez você esteja errado.
- Talvez você não esteja apaixonada pelo desprezo?
- Talvez eu não esteja apaixonada por nada.
- Talvez devêssemos parar por aqui.
- Por quê? Chegou à conclusão de que você nada significa para mim?
- Cheguei a conclusão de que eu significo tudo para você, mas não sou eu quem deve anunciar isso a ti. Você irá perceber, mas sozinha, e na hora certa. E na hora em que você perceber que eu significo tudo para você, você já não significará nada mais para mim. E mesmo assim, continuaremos no mesmo lugar em que estávamos desde o começo, provando que, independentemente de nossas escolhas, eu sou tudo para você, e você é tudo para mim.
- Talvez...
- Talvez o que?
- Talvez, simplesmente, como sempre, talvez.


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