Medo

sexta-feira, julho 06, 2012 § 0

Ter o frio coçando o ventre nos incapacita das funções mais básicas; retira de nós o propósito do ser. Tornamo-nos o ventríloquo de nós mesmos, obrigando-nos a cumprir regras estapafúrdias que traçamos num momento de desespero, em que vimos nada ou ninguém à nossa volta além de nós mesmos rodopiando em torno de nossa própria redundância.
Queremos o que queremos e não podemos, e isso nos mata, lentamente, dentro de nossa mente amedrontada, incapaz de aguardar a vida por um momento sequer, sem nem mesmo querer descobrir quanto é um momento, sem querer enxergar ou utilizar os sentidos para com a ajuda disponível à nossa volta, certos de que somos os únicos desbravadores de nossa própria vida, uma certeza frágil e sem embasamento, certos de que a dúvida calcificará os alicerces do nosso conhecimento, sem sentir a brisa gélida de um ser descoberto e desamparado do mundo a não ser por seu único e confiável amigo: o medo.

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