A distância dos polos

quarta-feira, julho 04, 2012 § 0

Queria te dizer o quanto sinto tua falta, mas o barulho diz menos que o silêncio incessante de uma distância temporariamente irreparável, cavando o vazio numa já pequena alma, desnorteando-me de um trajeto já invisível para meus olhos unilaterais.
Perco a noção dos dias que conto religiosamente, e com ela a força que me abandona os músculos do contentamento, regredindo aos passos de uma evolução falha conforme o fim perde-se de vista e a luz parece-me ser muito cara para enxergar.
A proximidade é meu combustível, o toque energiza-me e recobra a lucidez que se esvai a cada dia que passa.
Você sabe, você me conhece, vivo do calor dos sentidos aguçados e quero reter a paixão até necrosar-me o coração. Não sei andar sozinho, caminho o trajeto do destino, que desconheço e bato cada milha ou polegada do mapa ainda em branco, aguardando-me pacientemente para retornar e trilhar a fagulha do amor, que acendo e me incendeio nesse beco sem saída.
Queimo conjunto a paz, que não me julgo pronto o suficiente para sentir, enquanto cozinho-me para me servir do banquete do aprendizado. Se essa pausa me é benéfica, serve apenas para realinhar-me na órbita dos meus desejos, que multiplicam-se conforme estou.
Não quero ser o ingrato da calma, e agradeço pelas oportunidades que crio e me recriam. Almejo apenas três por cento de tudo aquilo que pretendo, mas às vezes até pouco parece muito longe.
Ter é não ter até poder, e o que posso é tomar o tempo como amigo, e esperar que a nutrição da espera nos fortaleça. Quero-me bem, assim como a ti também.

Sempre seu,

Renan Cesar Antunes

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