Maqêdo | Alienação por Amor

domingo, julho 15, 2007 § 0

A rua está movimentada como em qualquer outro dia.
Entre pessoas transitando, o casal conversa na calçada, próximos à esquina.
Estão alegres, entrosados, conversam como quem se conhece há anos. Logo vão se despedir. Cada um precisa ir para um local diferente agora.
Maqêdo olha de longe.
Está na esquina, ignorando os carros e pessoas passando. Só vê o casal.
Por algum motivo, eles o confortam. Seu entrosamento lhe dá uma sensação de leveza.
Olha fixo para eles, sacode os braços, está aprovando-os. Eles sim têm amor. Amor sincero. Disso Maqêdo entende.
Eles riem, percebem-no ali, percebendo-os. Riem desconcertados, lisonjeados. Têm a aprovação de Maqêdo. Isso é algo para poucos.
Ninguém mais o vê em celebração à emoção.
Se abraçam novamente, em comemoração.
Maqêdo abre seu sorriso sujo, sorriso sincero.
Em tanto tempo de vida (ninguém jamais saberá quanto), viu poucas vezes amor assim passar.
Vê concreto, muros, carros, mas ele já se esquecia do amor. Gradativamente foi sumindo de sua realidade, como um reflexo da realidade exterior, do mundo em que vive.
Ele sorriu, mas não só pelo casal. Sorriu por todos. Todos que se amam, que se gostam... Sorriu pela felicidade, pelo compartilhar, pelo dividir.
Sorriu por lembrar que em meio às pedras de sua cidade, sempre nascerão flores.
Maqêdo se sente leve.
De pouco em pouco, estão tirando o peso da sobriedade de seus ombros.
Está sentindo novamente a graciosidade da alienação.
A alienação por amor.

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