Em Molduras Vazias

terça-feira, junho 24, 2008 Comments Off

Decidiu então comprar uma pintura. Foi direto na mais adequada a ele, larga, espaçosa, cheia de sentimentos. "Magnifico". Levou para casa feliz e na parede da sala pendurou.

Uma semana depois quis destruir. O irritava.

No dia seguinte amava novamente a pintura.

No fim de semana seguinte, o quadro se encontrava na lixeira. Ou os restos de.

Decidiu que aquele não o alegrava o suficiente. Devia haver cores frias em excesso. "Artistas e suas mensagens subliminares...". Comprou outro. Somente cores quentes. Um deserto sob toda a paixão do Sol. "Perfeito".

Em um mês, estava pendurado na parede da larga sala da vizinha pobre. "Cores em excesso. Artista exagerado".

Comprou outro. Outro. Outro. Decidiu no inverno fazer uma fogueira.

A parede então se encontrava vazia novamente. Sentou-se à frente dela e ficou em silêncio. Aguardou.

Decidiu então comprar uma moldura. E a moldura vazia pendurou. E uma televisão velha queimada comprou e na estante principal colocou. E nas paredes do espaçoso quarto, pequenas molduras vazias espalhadas esporadicamente.

"Ok. Agora posso ver e sentir o que eu quiser ver e sentir quando eu achar que deva ver e sentir."

Ele não comprou outras pinturas.

What's this?

You are currently reading Em Molduras Vazias at MOURISMENT.

meta

Comments are closed.

Todos os direitos reservados. Tecnologia do Blogger.