Prólogo à Vida

terça-feira, maio 20, 2008 Comments Off

Ao caminhar pelo corredor em direção à porta, já pude notar o distante som. Logo ao abri-la, senti em mim o sutil ritmo que ecoava pelo apartamento vindo do antigo gramofone ao canto da sala. Depois de poucos instantes já percebera que Sur le Fil tocava incansavelmente, vez após outra, em toda sua miséria e tristeza. Assim como nosso retrato, que aparecia agora, ampliado, sob uma fraca luz na parede oposta à larga janela que, igualmente surpreendente, aparecia agora descoberta por inteira, como um braço à torcer pela beleza da cidade distante, que iluminava com graciosos brilhos a taça de vinho tinto, intacta, sobre o balcão da cozinha, que antes sequer que pudesse erguer em direção à minha boca, me fez notar o grande balão cor de rosa no chão da sala, com um rosto feliz minuciosa e pacientemente desenhado, e foi então que tive certeza: ela estava morta.

What's this?

You are currently reading Prólogo à Vida at MOURISMENT.

meta

Comments are closed.

Todos os direitos reservados. Tecnologia do Blogger.